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    PF ouve hoje Valeixo, Ramagem e Saadi para apurar denúncias de Moro

    Na terça-feira, ministro devem prestar depoimentos sobre o caso

    A Polícia Federal marcou para esta segunda-feira (11) três depoimentos importantes para a apuração das denúncias realizadas pelo ex-ministro da Justiça Sergio Moro contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Figuras centrais do caso, prestarão esclarecimentos o ex-diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo; o ex-superintendente da PF no Rio de Janeiro, Ricardo Saadi; e o diretor-geral da Abin, Alexandre Ramagem

    Valeixo será ouvido na sede da Polícia Federal em Curitiba, às 10h. Saadi e Ramagem vão depor na sede da entidade em Brasília, às 15h.

    Na terça-feira, dando sequência às investigações, serão ouvidos os ministros citados como testemunhas das supostas interferências de Bolsonaro no trabalho da PF. Devem prestar depoimento o ministro Luiz Eduardo Ramos, da Secretaria de Governo; o general Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional; e Walter Braga Netto, da Casa Civil.

    As denúncias

    Em depoimento divulgado na íntegra pela CNN na última semana, Sergio Moro relatou ter sofrido pressão do presidente Jair Bolsonaro para trocar o comando da superintendência do Rio de Janeiro. Uma das provas seria uma reunião gravada na qual o presidente tentaria interferir politicamente na entidade.

    O vídeo da reunião será exibido na próxima terça-feira (12) em Brasília, na sede da Polícia Federal, apurou a CNN. Para a ocasião, Sergio Moro irá pessoalmente a Brasília, acompanhado de seu advogado Rodrigo Sánchez Rio.

    Em seu depoimento, Moro afirma que Bolsonaro pedia substituições na PF para ter “acesso a relatórios de inteligência”, mas que o presidente já tinha acesso a esses documentos por meio da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e do Sistema Brasileiro de Inteligência (SISBIN). Ainda em sua fala à PF, Moro afirmou que Bolsonaro nunca pediu relatórios específicos de inteligência.

    Indicado por Moro, Maurício Valeixo foi exonerado do cargo de diretor-geral da Polícia Federal em ato publicado no Diário Oficial da União em 24 de abril. Na sequência, Moro pediu sua demissão do cargo da ministro da Justiça, criticando a conduta do presidente. Moro afirmou que não havia razão para demitir Valeixo e apontou irregularidades na publicação do Diário Oficial, que, segundo ele, afirmava falsamente que Valeixo estava saindo “a pedido” e tinha sua assinatura sem sua anuência.

    Bolsonaro nomeou Alexandre Ramagem, diretor da Abin, para ocupar a diretoria-geral da Polícia Federal, mas Ramagem – próximo dos filhos do presidente – foi impedido de tomar posse após decisão do ministro Alexandre Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). 

    Ramagem, assim, permaneceu na Abin e Bolsonaro nomeu Rolando Alexandre para o cargo na Polícia Federal. Em uma das primeira medidas no cargo, Rolando trocou o comando da superintendência da corporação no Rio de Janeiro – tirando Carlos Henrique Oliveira e escolhendo Tácio Muzzi, ainda não nomeado de forma oficial, como seu substituto.

    Em paralelo à mudança na PF do Rio, o procurador-geral da República, Augusto Aras, solicitou ao ministro Celso de Mello, do STF, que a polícia colha depoimentos de Valeixo, Ramagem e Ricardo Saadi, que antecedeu Carlos Henrique Oliveira na direção da PF no Rio de Janeiro. 

    No último ano, a PF do Rio de Janeiro abriu inquérito para apurar denúncias de que o senador Flávio Bolsonaro (sem partido-RJ) praticou lavagem de dinheiro e falsidade ideológica em negociações de imóveis e em declarações de bens à Justiça Eleitoral. Segundo o jornal O Globo, a PF depois pediu arquivamento do caso sem fazer quebras de sigilo fiscal e bancário.

     

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