PF investiga uso de inteligência artificial contra prefeito de Manaus
Segundo as investigações, foram criados áudios falsos atribuídos ao chefe do Executivo; duas pessoas são suspeitas
O prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), denunciou nesta sexta-feira (22) à Polícia Federal que foi vítima de uma fake news com uso de inteligência artificial. Segundo o município, um áudio começou a ser compartilhado em redes sociais com uma voz que imita a do prefeito.
No material manipulado, “o prefeito” ataca professores após um protesto pelo não pagamento do abono do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação) neste ano.
“Tentam colocar como se eu estivesse falando para os professores. Todo mundo sabe da minha ligação com os professores e agora tivemos um problema com relação ao repasse do abono, em função da queda das receitas do Fundeb. E exatamente aproveitando essa questão, aparece essa fala para me colocar em rota de colisão com os professores a quem eu tenho total respeito” disse o prefeito em comunicado.
O prefeito fez uma postagem em uma rede social no qual mostra o momento em que faz a denúncia à PF.
De acordo com as investigações iniciais realizadas pela perícia da Polícia Federal no Amazonas, foi constatado que o áudio se trata de uma montagem, com possíveis recursos de inteligência artificial, contendo fragmentos de outros tipos de áudios, além de simulações.
Um perito analisou o áudio e, segundo ele, será possível chegar ao dispositivo de onde foi gerado o áudio.
“É possível fazer esse rastreio. Tudo isso que acontece na internet deixa esse mapeamento, deixa esses endereços e a gente consegue fazer esse rastreamento até a origem” explicou o perito Cleiton Lopes.
A Polícia Federal identificou dois suspeitos e irá ouvi-los nos próximos dias.
A instituição informou que o uso da nova tecnologia em campanhas políticas para manobras de criação de fake news em relação a candidatos em pré-campanha já configura preliminarmente o crime de difamação eleitoral, com pena de detenção.
No início de dezembro, o ministro Alexandre de Moraes defendeu cassar o mandato de quem usar a inteligência artificial de forma fraudulenta nas eleições.