PF indicia mais três no inquérito do golpe
Trio de militares faz número de indiciados pelo caso chegar a 40


A Polícia Federal (PF) indiciou mais três militares na investigação que apura uma tentativa de golpe de Estado em 2022 para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Agora, o total de indiciados no caso é de 40 pessoas. Os novos são os seguintes:
- Aparecido Andrade Portela;
- Reginaldo Vieira De Abreu;
- Rodrigo Bezerra De Azevedo.
As novas informações foram enviadas nesta quarta-feira (11) ao ministro Alexandre de Moraes, relator da investigação no STF.
Quem são
O tenente-coronel Rodrigo Bezerra Azevedo depôs no final de novembro. A PF então cruzou as informações obtidas durante a oitiva com os indícios levantados na investigação sobre o suposto plano de golpe de Estado tramado em 2022.
O militar integra o grupo especial de elite conhecido como “Kids pretos”. Conforme a PF, os elementos de prova apresentados na investigação apontam para a participação de Azevedo na ação clandestina de 15 de dezembro de 2022 que tinha o objetivo de prender e matar o ministro Alexandre de Moraes .
Outro indiciado pela PF é Aparecido Andrade Portela. Ele é militar da reserva e primeiro suplente da senadora Tereza Cristina (PP-MS). A congressista foi ministra da agricultura do governo de Jair Bolsonaro (PL).
De acordo com a PF, as provas indicam que Portela atuou como um intermediário entre o governo Bolsonaro e financiadores das manifestações antidemocráticas em Mato Grosso do Sul.
No final de 2022, ele era um “frequentador assíduo do palácio do Alvorada, visitando o então presidente da República constantemente”, disse a corporação, no relatório. Foram ao menos 13 visitas a Bolsonaro em dezembro.
A documento ainda aponta que Portela é “amigo próximo” de Bolsonaro desde o período em que ambos serviram na cidade de Nioaque (MS), na década de 70.
Reginaldo Vieira de Abreu é coronel do Exército e foi secretário-executivo do general Mário Fernandes na Secretaria-geral da Presidência.
Segundo a apuração, ele teria auxiliado Fernandes a disseminar informações falsas sobre o sistema eletrônico de votação, com o objetivo de impedir a posse do governo Lula.
“No início do mês de novembro de 2022, o investigado levou um hacker até a superintendência da Polícia Federal em Brasília/DF para tentar formalizar um depoimento, visando instaurar procedimento criminal relacionado às urnas eletrônicas”, diz documento da PF.
Conforme a corporação, Mário Fernandes teria sido o responsável pelo plano de matar Lula, Moraes e o vice-presidente Geraldo Alckmin, no final de 2022. Ele também dava apoio e orientações aos acampados em frente ao Quartel-General do Exército, em Brasília.
Indiciados
No último mês, a PF já havia indiciado 37 pessoas no inquérito, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Os investigadores veem indícios do cometimento dos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa.
Bolsonaro nega irregularidades e diz não acreditar “nesta historinha de golpe”.
Relatório da investigação tornado público em 26 de novembro concluiu que o ex-presidente “planejou, atuou e teve o domínio de forma direta e efetiva” dos atos realizados por uma organização criminosa que buscou dar um golpe de Estado no Brasil.
Os investigadores concluíram que Bolsonaro “tinha plena consciência e participação ativa” na prática de “atos clandestinos” que visavam abolir o Estado de Direito.