Pesquisa: Lava Jato acabou por pressão de políticos, acreditam 42% dos brasileiros
Outros 25% dizem que fim da força-tarefa aconteceu por “exageros e erros” dos investigadores e juízes da operação
Três anos depois do fim da força-tarefa da operação Lava Jato no Paraná, mais de quatro em cada dez brasileiros acreditam que o grupo acabou por causa da ação de políticos para barrar a investigação.
Essa é uma das conclusões da pesquisa do Instituto Quaest divulgada neste domingo (3).
Segundo o levantamento, 42% elegem a atuação de políticos como motivo para o fim da força-tarefa. Outros 25% reputam o fim pela existência de “exageros e erros” dos investigadores e juízes da operação.
Só 8% afirmaram que, no ano do seu encerramento, em 2021, a corrupção no governo havia acabado e não “havia mais nada para investigar”.
Segundo a pesquisa, 3% responderam que nenhuma das opções respondia porque a Lava Jato acabou. 22% não souberam ou não responderam.
A pesquisa ouviu 2 mil pessoas de forma presencial em 120 cidades entre 25 e 27 de fevereiro. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais e o índice de confiança é de 95%.
Fim da Lava Jato
A força-tarefa de procuradores da Lava Jato foi encerrada pelo Ministério Público Federal (MPF) em fevereiro de 2021. O órgão tinha na chefia o então procurador-geral da República Augusto Aras, crítico da operação.
O acervo da investigação no Paraná passou para o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), estrutura em que os procuradores atuam em vários casos, e não mais com dedicação exclusiva a uma apuração, como era com as forças-tarefas.
Aras afirmou que sua atuação foi no sentido de institucionalizar o combate à corrupção no Ministério Público e de enfrentar o “corporativismo” da carreira. Ele rebate as afirmações de que teria destruído a Lava Jato.
Depois do auge, com operações policiais midiáticas e condenações de empresários e políticos, como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a Lava Jato teve reveses na política e no Judiciário.
O Legislativo, por exemplo, promoveu alterações na lei para punir eventuais excessos cometidos por delegados, procuradores e magistrados, e criou a figura do “juiz de garantias”, considerada uma resposta ao ex-juiz Sergio Moro (União-PR), hoje senador.
O Supremo Tribunal Federal (STF) também atuou para reverter alguns legados da operação.
Algumas das decisões nesse sentido foram a declaração de que Moro atuou de forma parcial contra Lula, a proibição da prisão depois de condenação em segunda instância e, mais recentemente, a vedação para o uso de provas oriundas do acordo de leniência da construtora Odebrecht (atual novo Novonor) para qualquer pessoa em todas as instâncias da Justiça.
*Publicado por Lucas Mendes