Paulo Pimenta critica juíza que suspendeu sigilo de operação contra o PCC
Lula havia citado a juíza ao dizer que a operação seria "mais uma armação de Moro"; Gabriela Hardt substituiu Sergio Moro à frente da Operação Lava Jato em 2018, quando este pediu exoneração do cargo
O ministro da Secretaria de Comunicação Social, Paulo Pimenta, criticou a juíza Gabriela Hardt, da 9ª Vara Federal de Curitiba, responsável por suspender o sigilo da decisão que levou à operação da Polícia Federal (PF) contra integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC) que planejavam realizar ataques contra servidores públicos e autoridades, dentre eles o senador Sergio Moro (União Brasil-PR).
Em suas redes sociais, Pimenta publicou: “Gabriela Hardt acaba expondo as investigações e, consequentemente, atrapalhando-as, já que as apurações seguem em curso e tratam de um tema sensível, que é o das organizações criminosas. Seu objetivo foi ajudar a PF?”
https://twitter.com/Pimenta13Br/status/1639200155130904577?s=20
Em nota, a Justiça Federal do Paraná, órgão que responde pela juíza Gabriela Hardt, afirmou que a retirada do sigilo do processo foi um pedido do delegado que conduz as investigações, protocolado nos autos às 14h da quinta-feira (23).
“Contudo, por cautela, a juíza federal designada para atuar no caso, entendeu melhor manter o nível de sigilo 1, por segurança dos investigados e vítimas, autorizando a divulgação apenas das representações policiais e das decisões que autorizaram as prisões e as buscas, bem como o termo de audiência de custódia”, diz a nota.
Na quinta-feira (23), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) havia levantado dúvidas sobre a operação ser “mais uma armação” de Moro.
Em sua fala, Lula citou a juíza ao dizer: “Até fiquei sabendo que a juíza não estava nem em atividade quando deu o parecer para ele. Isso a gente vai esperar, eu não vou ficar atacando ninguém sem ter provas. Eu acho que é mais uma armação. Se for, ele vai ficar mais desmascarado ainda e eu não sei o que ele vai fazer da vida se continuar mentindo do jeito que está.”
Gabriela Hardt assumiu o inquérito do caso ao substituir a juíza Sandra Regina Soares, que saiu de férias, na titularidade da 9ª Vara Federal de Curitiba. Ela assumiu o posto na terça-feira (21), e seguirá responsável pelos processos da magistrada titular até 31 de março.
Hardt foi a juíza que substituiu Sergio Moro em 2018, quando este pediu exoneração da 13ª Vara Federal de Curitiba para assumir o Ministério da Justiça no governo de Jair Bolsonaro (PL). Foi ela quem assumiu o comando da Operação Lava Jato na época.
Ela também foi responsável pela sentença de 2019 que condenou Lula em processo referente a um sítio de Atibaia. A decisão repercutiu por ter trechos idênticos à sentença dada por Moro no caso do triplex do Guarujá envolvendo Lula em 2017. Alguns apontaram que a magistrada teria “copiado e colado” partes do texto do ex-juiz.
As sentenças contra Lula foram anuladas posteriormente pelo Supremo Tribunal Federal (STF).