Guedes sobre Maia: ‘nossa agenda é convergente’
Ministro da Economia e presidente da Câmara apareceram juntos em pronunciamento sobre reforma administrativa


O ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), apareceram juntos nesta quinta-feira (8), em entrevista coletiva no Congresso Nacional, após semanas de desentendimento.
Guedes falou brevemente e agradeceu ao Legislativo como um todo e a Maia, dizendo que os dois têm interesses comuns. “Nossa agenda é convergente”, disse. “O Brasil está acima de quaisquer diferenças que possamos ter. Queria agradecer o apoio desde o primeiro dia de governo. Estamos juntos pelas reformas”.
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Rodrigo Maia, de volta ao Congresso pela primeira vez desde contrair Covid-19, falou no mesmo sentido. Ele agradeceu a Guedes e disse que o Brasil se encaminha a um “precipício” se não tiver coragem de enfrentar o problema de regulamentação do teto de gastos.
“A reforma administrativa, temos urgência mas não devemos ter pressa. Queremos união dos esforços do Parlamento com a equipe econômica e o presidente da República”, afirmou, acrescentando que quer um Estado com a valorização do servidor público e do serviço oferecido ao cidadão. “Queremos que todos tenham as mesmas oportunidades em relação à qualidade do serviço público”.
Guedes esperou por Maia por mais de uma hora. O deputado pediu desculpas durante o seu pronunciamento, justificando que veio do Rio de Janeiro. “Vim do Rio de Janeiro, para mostrar que o governo e o Legislativo têm suas prioridades”, declarou, citando a regulamentação das despesas e a aprovação das reformas tributária e administrativa.
Ele afirmou que, se tivesse que votar apenas uma matéria neste ano, seria a PEC emergencial do teto de gastos. “Eu diria que a PEC emergencial é a reforma das reformas no curto prazo. Mas eu tenho convicção e sou otimista que vamos avançar na tributária e vamos deixar a administrativa muito bem encaminhada para que já possa ter a partir do segundo semestre de 2021, em 2022, um olhar moderno sobre o Estado brasileiro”.
Para ele, essa é a matéria mais difícil e a que vai gerar mais desgaste a curto prazo.
Guedes e Maia protagonizaram embates públicos recentes, mas desde o início desta semana têm buscado demonstrar alinhamento em torno do compromisso com a agenda econômica após sobressaltos no mercado causados por temores quanto ao financiamento de um novo programa de transferência de renda no ano que vem e à manutenção do teto de gastos nesse contexto.
Saúde de Maia
O presidente da Câmara se pronunciou sobre sua experiência ao contrair o novo coronavírus. “É a primeira vez que venho à Câmara depois do meu período de isolamento e sofrimento”, disse.
Ele disse que vai manter o uso de máscara até que se tenha uma vacina. “A utilização da máscara é fundamental para que o vírus não continue se propagando, tirando tantas vidas e deixando com que tantas pessoas passem o que eu passei. Não é brincadeira, não é uma doença fácil”, declarou, acrescentando que não foi internado “por pouco”.
“Eu cheguei a estar com 88% apenas de saturação, mais de 20% do meu pulmão foi contaminado”, contou.
Maia testou positivo para Covid-19 em 16 de setembro e, no início do afastamento, cumpriu agenda remotamente.
(Com informações da Reuters)