‘Parece que Bolsonaro fomenta crise’, diz Marco Aurélio Mello sobre áudio vazado
"Infelizmente o presidente da República às vezes é ouvido, mas ele desborda dos parâmetros próprios ao exercício do cargo,” disse o ministro do STF
O ministro do Supremo Tribunal Federal Marco Aurélio Mello disse nesta segunda-feira (12) que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) parece trabalhar para fomentar intencionalmente as crises que envolvem seu governo com fins políticos. Marco Aurélio fez essa avaliação ao comentar sobre as conversas divulgadas pelo senador Jorge Kajuru (Cidadania-GO) entre o parlamentar e o presidente. A fala foi dita durante entrevista para o portal UOL.
“O presidente nada de braçadas para quando se tem uma crise, parece que ele fomenta ela para desviar o foco ou então aparecer e apresentar ‘serviços’ à nação. Infelizmente o presidente da República às vezes é ouvido, mas ele desborda dos parâmetros próprios ao exercício do cargo.”
Questionado sobre a legalidade da CPI da pandemia, Marco Aurélio ressaltou que ele foi um dos primeiros a parabenizar o ministro Luís Roberto Barroso e disse que seu colega de STF apenas cumpriu a constituição.
“Ele não constituiu a CPI, apenas assentou que pela constituição o presidente do Senado não podia engavetar o tema,” disse o ministro.

Aras e Mendonça ‘se desgastaram’
O ministro Marco Aurélio Mello é o decano do Supremo Tribunal Federal e vai se aposentar em julho deste ano, poucos dias antes de completar os 75 anos que o levariam à aposentadoria compulsória. A sua saída permitirá ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) indicar um novo nome para compor o STF.
Na entrevista ao UOL, Mello criticou o advogado-geral da União, André Mendonça, e o procurador-geral da República, Augusto Aras, pelas posições adotadas no julgamento em que o STF permitiu a estados e municípios proibirem celebrações religiosas na pandemia.

O decano afirmou que os chefes da AGU e da PGR sabem que são cotados para a indicação ao Supremo e querem “agradar a qualquer custo” o presidente Jair Bolsonaro. O ministro Marco Aurélio afirmou “não ter entendido” o que Mendonça e Aras disseram no julgamento e afirmou que ambos “se desgastaram” enquanto candidatos ao Supremo Tribunal Federal.
A vaga que será aberta e´a segunda a ser preenchida sob indicação de Bolsonaro. No ano passado, o presidente indicou Kassio Nunes Marques, desembargador oriundo do Piauí, que foi aprovado pelo Senado e sucedeu o ministro Celso de Mello.
Publicado por Guilherme Venaglia