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    Painel CNN: deputados debatem uso da linguagem neutra nas escolas

    Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria para derrubar lei que proíbe linguagem neutra em instituições de ensino

    Lucas RochaLudmila CandalVinícius TadeuLetícia Britoda CNN

    em São Paulo

    O plenário virtual do Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria para derrubar uma lei do estado de Rondônia que proíbe a denominada linguagem neutra na grade curricular e no material didático de instituições locais de ensino, públicas ou privadas, e em editais de concursos públicos.

    Em painel realizado pela CNN nesta sexta-feira (10), a deputada federal Ana Pimentel (PT-MG) e o deputado federal José Medeiros (PL-MT) discutiram a utilização da linguagem neutra nas escolas.

    Para a deputada Ana Pimentel, a linguagem neutra representa um avanço em termos de inclusão.

    “Considero que a linguagem neutra, como eu gosto de falar, a linguagem inclusiva, é fundamental nesse momento na nossa sociedade exatamente por explicitar a diversidade que nós temos nesse momento de identidades sexuais e orientações sexuais na nossa sociedade. Portanto, a linguagem, que é sempre socialmente e historicamente relacionada, é fruto das relações sociais históricas da nossa sociedade, representa os anseios da contemporaneidade, é fundamental que, nesse momento, a linguagem inclusiva esteja também dentro das escolas”, disse.

    O deputado José Medeiros afirmou que não considera esse tipo de linguagem neutro ou inclusivo.

    “A nossa língua portuguesa, como todo mundo sabe, deriva, como outras línguas, do latim. O latim já teve um termo neutro. Depois, a língua evoluiu e passou a ter um termo que comporta todos”, disse Medeiros. “A língua portuguesa acaba abarcando, quando diz ‘todos’ não quer dizer que a palavra masculina ‘todos’ é para o homem. Assim como quando eu digo ‘sol’ não é que o sol é homem ou a ‘lua’, a lua é feminina, ou a ‘terra’ é algo feminino”, completou.

    A parlamentar petista argumentou que a linguagem neutra reconhece a importância de uma parcela da população que se identifica como não binária – ou seja, pessoas que não se identificam como pertencentes a um gênero, como masculino ou feminino, exclusivamente.

    “Eu acho que é fundamental a gente compreender que a linguagem é fruto das nossas relações, que são relações sociais e que, portanto, ela deve contemplar os diversos sujeitos que hoje vivem na nossa sociedade e compartilham valores. Todas as vezes que a gente fala que a linguagem hoje é neutra, a gente está excluindo os sujeitos que são sujeitos hoje não binários e que são sujeitos fundamentais”, pontuou Ana.

    O deputado do PL defendeu que mudanças na língua portuguesa devem ser acompanhadas de um rito, envolvendo acadêmicos e estudiosos.

    “Nesse momento, eu acho importante que, como a deputada disse e eu concordo, as mudanças numa língua têm que vir do ser social. Essa linguagem está vindo de cima e isso é preocupante por que toda mudança na língua portuguesa tem um rito e é importante que tenha. Ela passa pela academia, é votada, os estudiosos se reúnem. Por que é importante isso? Para não criar uma confusão nas escolas, na cabeça das crianças”, afirmou Medeiros.