Página da ‘CPI da Cloroquina’ precisa ser virada, diz Girão
Senador, titular da CPI da Pandemia, diz que trabalho da comissão precisa focar, também, nas suspeitas de corrupção em estados e municípios
A CPI da Pandemia precisa alternar seu foco e passar a investigar, também, as suspeitas de corrupção envolvendo repasses da União para os governos estaduais e municipais, afirmou nesta sexta-feira (28) o senador Eduardo Girão (Podemos-CE), membro titular da comissão.
“Acredito que essa página, muito chamada de ‘CPI da Cloroquina’ por alguns, precisa virar logo. Completamos um mês de trabalhos e precisamos alternar porque são dois requerimentos que deram origem à CPI: um para investigar o governo federal e outro, que é meu e foi assinado por 45 senadores, que até agora não foi olhado – a corrupção ainda não é olhada na CPI”, disse o parlamentar, em entrevista à CNN.
Ele afirmou que a convocação de governadores, aprovada nesta semana pela CPI pode ser considerada um avanço, mas considerou estranha a decisão de não chamar, também, prefeitos.
“Eu acredito que essa CPI precisa definir prioridades. O G7, que são os oposicionistas – e eu deixo muito claro, pela minha postura de independência – definem a pauta, o que e quando vai entrar. Graças à pressão da sociedade, foram incluídos os governadores, mesmo deixando prefeitos e o consórcio do Nordeste de fora”, completou, se referindo ao grupo de senadores de oposição e independentes que formam a maioria do colegiado.
Depoimento de Nise Yamaguchi
Girão disse ainda considerar muito importante o depoimento da médica oncologista Nise Yamaguchi, primeira que será ouvida na próxima semana pela CPI – o nome dela é um dos que foram citados em uma reunião de integrantes do governo em que surgiu a ideia de alterar por meio de decreto a bula da cloroquina.
“A doutora Nise tem muito a explicar, vai ser muito importante, tanto em relação à reunião que o doutor Barra Torres falou sobre a tentativa de mudança da bula da cloroquina, mas acredito que ela pode contribuir também para esclarecer sobre o tratamento precoce, que transcende medicamentos”, disse o senador.
Ele também afirmou ser a favor da reconvocação tanto do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello quanto do atual mandatário da pasta, Marcelo Queiroga. “Ele [Pazuello] precisa voltar à CPI porque ficou algo para perguntar, inclusive outras coisas a partir de outros depoimentos.”
Presidente e ministros erram em falas sobre China
Questionado sobre a postura do governo federal em relação à compra de vacinas, Girão disse considerar que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e alguns ministros erraram ao fazer declarações sobre a China, principal fornecedora do ingrediente farmacêutico ativo (IFA) usado na produção de vacinas contra a Covid-19.
“Acredito que, por exemplo, o presidente da República e alguns ministros erraram sobre algumas manifestações sobre a China – e isso atrapalha –, é um fato que precisamos contextualizar”, afirmou.
“Sobre as vacinas, o presidente, no meu entender, se equivoca em criticar porque elas são fundamentais – como são o álcool gel, o distanciamento físico e o tratamento precoce.”