Oposicionista diz que CPI defende ciência; governista vê politização para 2022
Senadores Rogério Carvalho (PT-SE) e Luis Carlos Heinze (PP-RS) debateram sobre a formação e a condução da CPI da Pandemia
A CPI da Pandemia iniciou seus trabalhos nesta semana com divisão entre um grupo majoritário, formado por parlamentares independentes e de oposição, e uma minoria alinhada ao governo. Representantes de cada um dos lados, os senadores Rogério Carvalho (PT-SE) e Luis Carlos Heinze (PP-RS) enfatizaram as diferenças entre as posições dos dois grupos durante debate promovido pela CNN.
Carvalho defendeu a aliança da oposição com parlamentares já criticados pelos partidos da esquerda no passado, como o relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL), e afirmou que o grupo está unido “pela ciência” e pela investigação sobre eventuais falhas na condução da pandemia da Covid-19.
Alinhado ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), Heinze contrapôs o senador do PT, afirmando que há uma “politização” na CPI, visando provocar impactos nas eleições de 2022.
“Os partidos indicam seus representantes na comissão, o Renan foi indicado pelo MDB que é o maior partido, o PT se aproximou daqueles que têm uma posição mais vinculada à ciência. Ao longo deste ano vai se construindo alianças em torno de um caminho para combater a pandemia”, disse Carvalho.
“O que estou vendo aqui é uma questão política, aqui é quem é a favor do Bolsonaro e [quem] tem seus candidatos que são do PT, do PDT. Infelizmente, é uma questão politico-partidária em relação às eleições do ano que vem”, rebateu Heinze.
Renan Calheiros
O principal ponto de divergência entre os dois grupos na largada da comissão foi a indicação do senador Renan Calheiros como relator da CPI. O nome do parlamentar do MDB chegou inclusive a ser suspenso pela Justiça após pedido da deputada governista Carla Zambelli (PSL-SP).
Questionado sobre a politização da CPI e sobre a aproximação com Renan, o senador Rogério Carvalho afirma que não se trata de uma aliança eleitoral, mas sim de um acerto entre pontos em comum.
“O senador Renan Calheiros e os senadores que formam a maioria, de longe, são aliados do ponto de vista eleitoral, inclusive alguns fazem parte da base do governo, mas têm uma posição diferente do governo no que trata do entendimento sobre a pandemia e em como evitar o aumento no número de mortes”, disse Rogério Carvalho.

“Já sabíamos da decisão de quem seria o presidente, somos minoria, o relator já estava escolhido, se fosse para votação, nós seríamos menos votos. Se eu fosse votar, eu não votaria no Renan, mas respeito a decisão”, afirmou o senador Heinze.
CPI da Pandemia
A CPI da Pandemia aprovou nesta quinta-feira (29) a convocação dos ex-ministros da Saúde Luiz Henrique Mandetta, Nelson Teich e Eduardo Pazuello, além do atual comandante da pasta, Marcelo Queiroga, para serem ouvidos na comissão na próxima semana.
“Temos os primeiros convidados, os quatro ministros da Saúde, vamos ouvi-los na semana que vem, não temos nada a opor sobre essa primeira etapa. Vamos debater todas as ações que foram implementadas pelo Ministério da Saúde e sobre as vacinas”, disse Heinze.
“É fundamental que a gente consiga esclarecer para a opinião pública o que de fato aconteceu para chegarmos a 400 mil mortos pela Covid-19. Então a vinda dos ministros é fundamental para esclarecer quais medidas foram adotadas e não foram adotadas, porque foi adotado um kit Covid que não tem eficácia, porque não tem um quantitativo de vacinas necessário para atender toda a população”, afirmou Carvalho.