Operação Lava Jato teria negociado a contratação do software espião Pegasus
Mensagens obtidas pela Operação Spoofing foram enviadas à PGR e Corregedoria-Geral do MPF pelo ministro Lewandowski. MPF nega acusações
A Operação Lava Jato teria negociado a contratação de diversos softwares de espionagem, incluindo o Pegasus, do grupo israelense NSO Group, indicam informações protocoladas pela defesa do ex-presidente Lula no Supremo Tribunal Federal (STF) nesta segunda-feira (26).
Após o recebimento da petição, o ministro Ricardo Lewandowski enviou o conteúdo das mensagens, que foram obtidas por meio da Operação Spoofing, ao Procurador-Geral da República e à Corregedoria-Geral do Ministério Público Federal.
Segundo os advogados de Lula, as mensagens obtidas evidenciam “a existência de atos processuais clandestinos e ilegais, além da realização de cooperação internacional informal — fora dos canais oficiais — realizada por membros da extinta ‘força tarefa da lava jato’ com autoridades estrangeiras”.
Em nota, o Ministério Público Federal afirmou que “jamais houve aquisição ou uso clandestino de qualquer sistema pela força-tarefa da operação Lava Jato”, e que o sistema Pegasus “não foi adquirido pelo Ministério Público Federal no Paraná”.
O MPF também afirmou que as alegações feitas pela defesa de Lula são falsas e que “jamais negociou a aquisição de qualquer equipamento ou sistema, nem tinha atribuição para isso”.
“Todos os sistemas adquiridos pelo Ministério Público o foram pela sua Administração, que não era integrada pelos procuradores da Lava Jato, e passaram por procedimentos formais de aquisição para garantir o atendimento das exigências legais”, acrescenta o texto.

Pegasus
Na última semana, uma investigação internacional apontou que o software Pegasus foi usado por governos ao redor do mundo para supostamente hackear telefones celulares de ativistas de direitos humanos, jornalistas e outros.
A investigação, chamada de Projeto Pegasus, teria identificado “mais de 1.000 pessoas em mais de 50 países no quatro continentes: vários membros da família real árabe, pelo menos 65 executivos do setor privado, 85 ativistas de direitos humanos, 189 jornalistas e mais de 600 políticos e funcionários públicos, incluindo ministros, diplomatas e autoridades militares e de segurança. Os números de vários chefes de estado e primeiros-ministros também apareceram na lista”.
Em declaração à CNN, a empresa israelense negou veementemente as descobertas da investigação, dizendo que vende suas “tecnologias exclusivamente para agências de segurança e de inteligência de governos devidamente examinados com o único propósito de salvar vidas por meio da prevenção de crimes e atos terroristas”.
*Com informações de Devan Cole e Giovanna Galvani, da CNN