Operação da PF é vista como “geradora de instabilidade” pelo Palácio do Planalto
No entanto, interlocutores do presidente já sabiam que o "patrulhamento" contra os empresários bolsonaristas havia se intensificado



A operação da Polícia Federal (PF) nesta terça-feira (23) contra oito empresários apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) foi recebida com surpresa por integrantes do Palácio do Planalto. No entanto, interlocutores do presidente já sabiam que o “patrulhamento” contra os empresários bolsonaristas tinha se intensificado nos últimos dias.
“O que aconteceu pegou o governo de surpresa, mas sabíamos que haveria algo contra os empresários alinhados ao governo. Só não sabíamos que chegaria a este ponto: com quebra de sigilo bancário e telemático e até o bloqueio de contas bancárias e o bloqueio em redes sociais. Isso de fato é um gerador de instabilidade na relação do governo com o ministro Alexandre de Moraes, sim”, relatou uma fonte do Palácio à CNN.
Na condição de anonimato, outro interlocutor do presidente Jair Bolsonaro foi na mesma linha.
“O patrulhamento a esses empresários tinha se intensificado e tido até mesmo divulgação na imprensa.
O que nos preocupa também é o vazamento de informações dessa operação para integrantes da esquerda. Vou ser específico: ao PT. Temos informações de que já sabiam dessa operação”, ressaltou.
A reportagem entrou em contato com o Partido dos Trabalhadores, mas ainda não obteve resposta. A CNN também questionou o presidente Jair Bolsonaro, que não quis se pronunciar sobre o caso.
A operação desta terça-feira foi aberta por determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, dentro do inquérito das Milícias Digitais, que investiga a atuação de grupos organizados para disseminar informações falsas e consideradas antidemocráticas por Moraes. Os mandados de busca e apreensão envolvem oito empresários apoiadores do presidente Jair Bolsonaro e foram cumpridos em cinco estados: São Paulo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Ceará e Rio de Janeiro.
A operação foi motivada após o jornalista Guilherme Amado, do site “Metrópoles”, divulgar na semana passada que alguns empresários apoiadores do governo conversavam sobre um golpe de estado, caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fosse eleito.