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    Offshore são recursos da família 100% legais e declarados, diz Guedes à Câmara

    Ministro é ouvido em uma audiência pública após ser convocado para explicar offshores em paraísos fiscais

    Anna RussiGiovanna Galvanida CNN , em São Paulo

    O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta terça-feira (23) que seu patrimônio investido em offshores são recursos familiares, “100% legais” e “declarados à Receita todo ano”. A declaração foi feita durante audiência pública das Comissões de Trabalho e Administração do Serviço Público e Fiscalização e Controle da Câmara dos Deputados.

    Guedes também negou que exista qualquer conflito de interesses entre o seu cargo e os rendimentos no exterior. “São os recursos da família, estão estacionados, uma parte está investida em algo que meu braço não alcança e nenhuma atitude que eu tomo aqui tem efeito lá”, afirmou.

    Convocada no início de outubro após conta de offshore ser revelada pela investigação chamada de “Pandora Papers”, a ida do ministro foi remarcada duas vezes após não comparecimento de Guedes. O chefe da equipe econômica do governo federal chegou a pedir que as comissões voltassem atrás e considerassem como suficientes as informações prestadas por intermédio de documentos.

    Questionado sobre sua resistência de comparecer à Casa, o ministro destacou sua disponibilidade nos últimos meses para prestar contas ao Legislativo sobre os recursos usados no combate à pandemia.

    Além da ida às comissões, também foi aprovada convocação para que o ministro compareça ao plenário da Câmara para dar explicações sobre possíveis movimentações financeiras no exterior por meio de offshore em paraíso fiscal. A data para tal, no entanto, ainda não foi definida pelo presidente da Casa, deputado Arthur Lira.

    Segundo o ministro, o depósito na offshore foi único, realizado entre 2014 e 2015. “Nunca mais houve remessas ao Brasil. Esse é um recurso que foi e é parte da sucessão familiar. Não tem saque, depósito, tira, põe, não tem nada disso. É 100% legal, declarado à Receita Federal e registrado e informado ao Banco Central todo ano”, reforçou.

    Guedes disse ainda que a escolha de depositar seus investimentos em paraísos fiscais foi recomendada por seus advogados e conselheiros jurídicos, como forma de preservar o patrimônio familiar.

    “Se você comprar ações nos EUA, tiver a conta em nome da pessoa física e falecer, 47% é expropriado pelo governo americano. Então, o melhor é usar uma offshore, uma companhia fora do continente. ‘Se o senhor morrer, em vez de metade ir para o governo americano, vai para sua sucessão'”, disse o ministro, citando o conselho recebido.

    O ministro ainda comparou as offshores a “uma faca”, que pode ser usada “para o mal, para matar alguém, ou pode usar para o bem, para descascar uma laranja”, disse. “Então, é um problema sucessório, como eu disse: você se protege se tiver qualquer investimento lá fora”, afirmou.

    Após criticar as acusações de favorecimento pessoal por seu cargo de ministro como “narrativas políticas” e de “desrespeito aos fatos”, Guedes também negou acusações de que ele se beneficiava do aumento do câmbio no Brasil.

    “Não houve nenhuma declaração da economia que fizesse [o dólar] subir 2%. Foi só politica ou doença [pandemia], os eventos mais contundentes”, disse.

    “Todas as instâncias pertinentes estão informadas do que acontece comigo, e sabem que não há conflito de interesses porque têm acesso a essas informações”, complementou Guedes em suas declarações iniciais.

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