Obra de Di Cavalcanti danificada por criminosos no Planalto é avaliada em R$ 8 milhões
Mural "As Mulatas" fica no terceiro andar, no Salão Nobre, e teve sete rasgos; outras peças de arte também sofreram danos
O Palácio do Planalto divulgou nesta segunda-feira (9) uma lista prévia das obras de arte que foram destruídas na invasão ao prédio por criminosos no domingo (8). De acordo com o comunicado, “vândalos destruíram acervo que representa a história da República e das artes brasileiras”. Entre as obras danificadas está “As mulatas”, de Di Cavalcanti , principal peça do Salão Nobre do Palácio do Planalto, com valor estimado em R$ 8 milhões.
De acordo com o Planalto, a obra foi atingida por sete rasgos, de diferentes tamanhos. Apesar de ser avaliada em R$ 8 milhões, segundo a nota do Planalto, o quadro pode atingir cinco vezes seu valor devido a sua importância.
Um levantamento minucioso de todas as pinturas, esculturas e peças de mobiliário destruídas ainda está sendo feito, de acordo com a nota.
Veja a lista de outras obras de arte que o Planalto identificou com danos causados pelos criminosos:
“Bandeira do Brasil”, de Jorge Eduardo, de 1995: A pintura, que reproduz a bandeira nacional hasteada em frente ao palácio e serviu de cenário para pronunciamentos dos presidentes da República, foi encontrada boiando sobre a água que inundou todo o andar, após vândalos abrirem os hidrantes ali instalados.
Galeria dos ex-presidentes: Foi totalmente destruída, com todas as fotografias retiradas da parede, jogadas ao chão e quebradas.
No 2º andar: O corredor que dá acesso às salas dos ministérios que funcionam no Planalto foi brutalmente vandalizado. Há muitos quadros vandalizados ou quebrados, especialmente fotografias. O estado de diversas obras não pôde ainda ser avaliado, o o que será feito após uma perícia e a limpeza.
“O Flautista”, de Bruno Jorge: A escultura que fica no terceiro andar, feita em bronze, foi encontrada completamente destruída, com pedaços espalhados pelo salão. A peça é avaliada em R$ 250 mil.
Escultura de parede em madeira de Frans Krajcberg: Quebrada em diversos pontos, a obra feita de galhos de madeira foi quebrada e os pedaços foram jogados longe. A peça está estimada em R$ 300 mil.
Mesa de trabalho de Juscelino Kubitscheck: Exposta no salão, a mesa foi usada como barricada pelos terroristas. Avaliação do estado geral ainda será feita.
Mesa-vitrine de Sérgio Rodrigues: O móvel abriga as informações do presidente em exercício, teve o vidro quebrado.
Relógio de Balthazar Martinot: Relógio de pêndulo do Século 17 foi um presente da Corte Francesa para Dom João 6º. Martinot era o relojoeiro de Luís 14. Existem apenas dois relógios deste autor. O outro está exposto no Palácio de Versailles, mas possui a metade do tamanho da peça que foi completamente destruída pelos invasores do Planalto. O valor desta peça é considerado fora de padrão.
O diretor de Curadoria dos Palácios Presidenciais, Rogério Carvalho, diz que será possível realizar a recuperação da maioria das obras vandalizadas, mas estima como “muito difícil” a restauração do Relógio de Balthazar Martinot.
“O valor do que foi destruído é incalculável por conta da história que ele representa. O conjunto do acervo é a representação de todos os presidentes que representaram o povo brasileiro durante este longo período que começa com JK. É este o seu valor histórico. Do ponto de vista artístico, o Planalto certamente reúne um dos mais importantes acervos do país, especialmente do Modernismo Brasileiro”, disse Carvalho na nota do Planalto.
(Com informações de Gustavo Uribe)