“O Brasil não é, nem nunca será, um vilão ambiental”, afirma Mourão
Em evento, vice-presidente defendeu o desenvolvimento sustentável da Amazônia e falou sobre a importância do Mercosul
Um dia depois de afirmar que o Brasil não precisa apresentar aos demais países como fará para alcançar as metas anunciadas na área ambiental, por se tratar de uma “questão interna”, o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, disse que “o Brasil não é, nem nunca será, um vilão ambiental”.
“Quem voa nesse país, conhece ele, sabe a quantidade de vegetação que está preservada. A nossa legislação é extremamente pesada, é única no mundo”, afirmou.
Durante participação na terceira edição da Conferência de Comércio Internacional e Serviços do Mercosul nesta sexta-feira (5), Mourão voltou a falar sobre a questão ambiental.
“Nosso trabalho na COP26 deixa muito claro que o governo brasileiro e a nossa sociedade partilham das preocupações europeias em relação a temas ambientais. Os principais acordos multilaterais em matéria de clima e biodiversidade carregam a digital dos negociadores brasileiros”, afirmou o vice-presidente.
“Nosso país está a frente nesta matéria de energia limpa, pois mais de 80% da nossa energia é oriunda de fontes renováveis e temos um amplo caminho aberto para aumentar isso em termos de energia eólica e solar”.
Sob forte esquema de segurança, Mourão não respondeu às perguntas da imprensa. No entanto, defendeu o desenvolvimento sustenta da Amazônia.
“Ao longo dos últimos 20 meses o governo teve inúmeros esforços no sentido de reverter uma tendência de alta do desmatamento que já vinha de um período anterior. Esses resultados só serão duradouros se foram acompanhados de alternativas de emprego e renda para a população Amazônia, cerca de 20 milhões de brasileiros vivem lá sentados em uma região com riquezas. Se vamos preservar 80% da Amazônia brasileira, temos que receber por isso. Nosso compromisso é muito claro: sustentabilidade”, concluiu.
Importância do Mercosul
Representantes das Câmaras de Comércio da Argentina, Uruguai, Paraguai, Chile, Bolívia e da Eurochambres participaram do evento, em que Mourão também falou sobre o Mercosul.
O encontro teve como principal tema o acordo de livre-comércio do bloco com a União Europeia. Ele prevê que 92% das importações do bloco europeu vindas do Mercosul estarão livres de tarifas em até dez anos. Já as tarifas de 72% dos produtos do Mercosul para a UE devem ter eliminação de taxas em 10 a 15 anos.
A ratificação, e posterior implementação, do acordo estão travadas em meio a críticas de países europeus em relação ao desmatamento na Amazônia.
Mourão falou sobre a importância do bloco sul-americano, em um momento em que os seus países membros se recuperam da mais severa emergência sanitária do século.
“Precisamos voltar a refletir sobre o futuro e o papel que o Mercosul poderá desempenhar em um ambiente mundial cada vez mais competitivo e volátil. Não podemos deixar de lembrar que o bloco é um projeto de integração profunda, que envolve países diferentes entre si, mas que, desde há muito, compreenderam que a integração regional pode favorecer uma melhor inserção de cada um no mundo”, disse.
Já o ministro da Economia, Paulo Guedes, que participou do evento por videoconferência, disse que, lamentavelmente, não foi possível transformar o Mercosul em uma plataforma de inserção global. Segundo o ministro, do ponto de vista econômico, o bloco não foi bem-sucedido.
“O Brasil continua sendo uma das economias mais fechadas do mundo, o que é trágico, uma oportunidade perdida. Hoje, o nosso comércio, medido por exportações e importações como percentual do PIB com nossos parceiros do Mercosul é 1/3 do que foi a 30 anos atrás. Perdemos espaço, regredimos, porque perdemos oportunidade em meio a mudanças no comércio global”, avaliou Guedes.
*Com colaboração de João Pedro Malar, da CNN, em São Paulo.