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    STF: Nunes Marques decide criar mesa de conciliação entre Eletrobras e governo

    Ação do governo questiona limitação do poder decisório no conselho da Eletrobras, que foi privatizada

    Ação ajuizada no Supremo foi subscrita pelo próprio presidente Lula
    Ação ajuizada no Supremo foi subscrita pelo próprio presidente Lula Divulgação

    Caio Junqueirada CNN

    São Paulo

    O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Kassio Nunes Marques decidiu, na noite desta terça-feira (19), encaminhar o pedido do governo pela inconstitucionalidade de trechos da desestatização da Eletrobras para a Câmara de Conciliação e Arbitragem da Administração Federal (CCAF) “para tentativa de solução amigável entre as partes”.

    Na decisão, Nunes Marques classificou a questão como “sensível” e afirmou que, “quando instados a pronunciarem-se sobre questões de profundo dissenso e complexidade”, a Justiça deve agir como “legislativo negativo, atuando com cautela”.

    “Tanto quanto possível, o Legislativo e o Executivo devem resolver seus conflitos e arcar com as próprias opções político-normativas”, prosseguiu. “Ao mesmo tempo, a intervenção judicial justifica-se a fim de promover, tanto quanto possível, a atuação coordenada e uniforme das instituições públicas, acrescentou.

    “Assim, em controvérsias passíveis de antagonizar Poderes da República e/ou unidades políticas, compete a esta Corte zelar pela harmonia das relações jurídico-institucionais e pela intangibilidade do vínculo federativo”, finalizou.

    A ação

    A ação, subscrita pelo próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e ajuizada pela Advocacia-Geral da União (AGU) em 5 de maio, contesta trechos da lei que desestatizou a companhia, diminuindo o poder de voto da União na empresa, operação esta concluída em junho de 2022.

    Por meio de uma capitalização, em que somente investidores privados fizeram aporte, o governo reduziu suas ações ordinárias (com direito a voto) de 62% para pouco mais de 40% da companhia.

    Essa fatia societária corresponde às ações da União, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e do BNDESPar. Nenhum outro acionista chega perto dessa participação.

    O ponto questionado pelo governo é que o modelo de privatização da Eletrobras previu que a empresa atuaria como uma “corporation”. Isso significa que o direito de voto de todos os acionistas – ou bloco de acionistas – ficaria limitado, em votações ou indicações de membros do conselho de administração, a 10%.

    A AGU argumenta que essa regra teve “o efeito prático de desapropriar indiretamente os poderes políticos da União” na Eletrobras.

    “Os autores da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) sustentam que a regra limitadora do direito de voto, quando analisada em conjunto com outras características do processo de desestatização da Eletrobras, gera ônus desproporcional à União e grave lesão ao interesse público, em clara violação ao direito de propriedade do ente federativo”, afirmou a AGU em nota.

    Mesmo que uma companhia privada adquira ações da Eletrobras no mercado, ela terá seu poder decisório sempre limitado a 10%. É nisso que o governo atual pretende mexer.

    No modelo pensado pela equipe econômica do ex-presidente Jair Bolsonaro (PT), esses dispositivos impedem grandes investidores – nacionais ou estrangeiros – de assumirem o controle da empresa.

    A ação da AGU pretende impor o conceito de proporcionalidade nas decisões da empresa. Como a União ainda detém 40% de participação com direito a voto, ela recuperaria o controle.