Novo ministro tenta reconstruir pontes desgastadas por Salles
No comando do Meio Ambiente, Joaquim Leite se aproxima de Hamilton Mourão e tenta retomar diálogo com diplomatas de países críticos à política ambiental do país
Com o intuito de melhorar a imagem do país no exterior, o novo ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, tenta reconstruir canais de diálogo que sofreram desgaste durante a gestão de seu antecessor, Ricardo Salles.
Além de ter se mostrado disposto a colaborar com o vice-presidente Hamilton Mourão, que tinha uma relação conturbada com Salles, o novo ministro tem se aproximado de embaixadores de países europeus críticos à gestão ambiental do Brasil.
Na segunda-feira (28), Leite se reuniu com o embaixador do Reino Unido no Brasil, Peter Wilson, para discutir a participação brasileira na COP-26, a Conferência do Clima da ONU (Organização das Nações Unidas), marcada para novembro.
O novo ministro também pretende retomar diálogo com representantes diplomáticos da União Europeia, sobretudo os críticos à política ambiental brasileira e que protagonizaram momentos de turbulência com a gestão anterior.
Na tentativa de imprimir a imagem de uma gestão mais comprometida com a preservação ambiental, Leite também pretende, segundo aliados do ministro, promover uma atuação mais afinada com a Apex (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), o que incluiria campanhas publicitárias no exterior.
Nesta sexta-feira (2), ele se reúne com o vice-presidente, Hamilton Mourão, que hoje comanda o Conselho da Amazônia. A ideia é discutir medidas em curto e médio prazos para evitar um aumento do desmatamento durante o período de seca deste ano, iniciado em maio.
O propósito do novo ministro, de acordo com relatos feitos à CNN, é de que ele deixe para Mourão capitanear o diálogo com a Alemanha e a Noruega, país colaboradores do Fundo Amazônia.
O novo ministro atua na pasta desde julho de 2019. Ele estava na Secretaria da Amazônia e Serviços Ambientais e na Secretaria de Florestas e Desenvolvimento Sustentável desde abril de 2020. Antes, foi Diretor do Departamento Florestal.
Para se tornar servidor do ministério, Leite deixou o cargo de conselheiro na Sociedade Rural Brasileira (SRB), onde estava desde janeiro de 1996.
Em dois anos e seis meses à frente da pasta, Salles teve uma gestão marcada por tensões com parlamentares, organizações não-governamentais e países estrangeiros.
O ex-ministro também enfrenta um processo junto ao Supremo Tribunal Federal (STF), em que é acusado de relação com esquema de desvio de madeira ilegal.