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    Nome político é favorito para assumir o comando do Itamaraty

    Nos bastidores, os petistas Jacques Wagner e Fernando Haddad são cotados para a função; Marina Silva e Mercadante também foram mencionados

    Caio Junqueirada CNN , Em São Paulo

    Um perfil político e de fora da diplomacia cresceu nos últimos dias como possível indicado pelo presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), para o comando do Itamaraty.

    A percepção entre interlocutores do presidente eleito é de que ele busca alguém que seja muito próximo a ele e com quem tenha extrema confiança e intimidade, uma vez que pretende fazer viagens internacionais para recuperar a imagem internacional do país. Em conversas com aliados, Lula tem dito que considera essa agenda um dos eixos centrais de seu governo, em especial a climática.

    Neste modelo, o nome mais cotado hoje é o de Jacques Wagner (PT), muito embora também tenha crescido nos bastidores o nome de Fernando Haddad, também do PT. Candidato derrotado ao governo de São Paulo, ele foi convidado por Lula para ir até o Egito na COP27. Além deles, Marina Silva (Rede) e Aloizio Mercadante (PT) também são mencionados. Ambos também irão a COP27.

    Se essa opção política prevalecer, o ex-chanceler Celso Amorim, principal conselheiro de Lula nesta área, assumiria uma assessoria especial para assuntos internacionais com assento no Palácio do Planalto, função já exercida no passado por Marco Aurélio Garcia, morto em 2017.

    Já se a opção for para alguém da diplomacia a dúvida é se o próprio Amorim poderia retornar para liderar uma transição geracional no Itamaraty. Nesse cenário, ele não ficaria no cargo durante os quatro anos.

    Se for alguém mais novo, nomes que tem circulado no Itamaraty são de diplomatas mulheres, que reivindicam há tempos um posto de destaque no próximo governo. Nunca uma diplomata ocupou o principal cargo da pasta, nem a secretaria-geral, segundo posto na hierarquia.

    Nesse contexto, tem-se falado em Maria Laura da Rocha, que foi chefe de gabinete de Amorim quando ele foi ministro e hoje é embaixadora na Romênia. Ela está em férias no Brasil e tem conversado com Amorim. Críticos dessa opção apontam que se trata de uma maneira de Amorim tutelar o Itamaraty se ele não virar ministro.

    Outra opção seria Maria Luiza Viotti, que foi chefe de gabinete do Secretário-Geral das Nações Unidas durante todo o primeiro mandato de António Guterres, entre 2017 e 2021. Um terceiro nome citado é o de Irene Vida Gala, subchefe do Escritório de Representação do Itamaraty em São Paulo.

    O nome do ex-chanceler Mauro Vieira também circula, mas alguns petistas não gostam da opção. Lembram que ele foi o único ministro de Estado a passar o cargo para seu sucessor após a queda de Dilma Rousseff (PT). Além disso, parte do partido diz que ele não orientou as embaixadas a defender o governo Dilma como o partido gostaria durante o processo de impeachment.

    De uma forma geral, a leitura é de que um nome político teria mais capacidade de administrar visões distintas de política externa da frente ampla que elegeu Lula e que permitiu que, também nesta área, se unissem contra Jair Bolsonaro (PL) grupos de diplomatas que já foram rivais internos no Itamaraty.

    A ala mais à esquerda e mais próxima do petismo defende, por exemplo, um alinhamento maior com a China e com os Brics. No PT, essa visão é representada pela secretaria de assuntos internacionais, Monica Valente, que defende nas reuniões internas posições até mesmo mais fortes, como o apoio ao ditador Nicolas Maduro, da Venezuela.

    A ala mais liberal, próxima a diplomacia da era Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e do governo Michel Temer (MDB), defende uma aliança prioritária com o Atlântico (América do Norte e Europa). Na prática, são mais entusiastas por exemplo a agendas como o acordo da União Europeia com o Mercosul e a entrada do Brasil na OCDE.

    Ela é representada por formuladores do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri) que atuaram na campanha, como o pesquisador da Universidade de Harvard Hussein Kalout, que foi Secretário Especial de Assuntos Estratégicos da Presidência da República durante o governo Temer. A leitura no entorno de Lula é de que só um político poderia administrar essas visões distintas.

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