Não sabia que “dama do tráfico” era casada com líder do Comando Vermelho, diz presidente de comitê à CNN
Luciane esteve em Brasília nos dias 6 e 7 de novembro para participar do Encontro de Comitês e Mecanismo de Prevenção e Combate à Tortura
A advogada e presidente interina do Comitê de Prevenção e Combate à Tortura no Amazonas (CEPCT-AM), Natividade Maia, afirmou, em entrevista à CNN nesta quinta-feira (16), não saber que Luciane Barbosa Farias era casada com o líder do Comando Vermelho no estado, Cremilson dos Santos Faria, conhecido como “Tio Patinhas”.
A presidente afirmou que Luciane era um membro da sociedade civil no comitê, escolhida por processo eleitoral. De acordo com a advogada, o Instituto Liberdade do Amazonas apresentou uma certidão criminal negativa da mulher, conhecida como “dama do tráfico”.
“Eu conheci a dona Luciane no dia 5 de novembro, no dia da viagem. Mas isso é absolutamente irrelevante, porque o decreto 37.178/2016 não pede que pessoas que vão participar, os representantes da sociedade civil, não sejam casadas com fulano. Ele faz duas exigências e só. E nós acrescentamos a certidão negativa criminal, que foi uma comissão eleitoral que acrescentou essa exigência, que nem está no decreto”, afirmou Maia.
“Então, ela sendo ou não sendo, eu sabendo ou não sabendo, eu não sabia, mas mesmo que eu soubesse, isso seria irrelevante para o processo eleitoral, porque, eu, enquanto advogada, tenho obrigação, de seguir a lei”, prosseguiu.
Luciane esteve em Brasília nos dias 6 e 7 de novembro para participar do Encontro de Comitês e Mecanismo de Prevenção e Combate à Tortura. Todos os participantes tiveram as passagens custeadas pelo Ministério dos Direitos Humanos.
A pasta disse que o comitê do Amazonas indicou Luciane como representante para participar do fórum, e que os colegiados estaduais possuem autonomia para fazer a indicação.
O governo do Amazonas disse à CNN que Luciane Farias não tinha legitimidade para ter participado do encontro.
A “dama do tráfico” foi investigada por envolvimento com o CV e condenada a 10 anos por lavagem de dinheiro para organização criminosa, mas recorre em liberdade.
Em suas viagens a Brasília, Luciane conseguiu encontros com dois secretários do ministério da Justiça e uma coordenadora do ministério dos Direitos Humanos, além de tirar fotos e conversar com deputados.
*Entrevista produzida por Pedro Venceslau e publicada por Douglas Porto, com informações de Raquel Landim