Não é normal fazer saque de R$ 4,7 milhões por meio de motoboy, diz Randolfe
O vice-presidente da CPI da Pandemia disse que o motoboy da VTCLog realizou saques em espécie para a empresa e pagamentos para Roberto Dias, ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde
O vice-presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), afirmou em entrevista à CNN, nesta terça-feira (31), que não é normal que a VTCLog faça saques de R$ 4,7 milhões em espécie por meio de seu motoboy, Ivanildo Gonçalves, ou que ele realize pagamentos de contas de um devedor da empresa.
Em imagens obtidas pelo relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL), o motoboy aparece em uma agência bancária realizando pagamentos que coincidem com extratos de quitação de contas de Roberto Dias, ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde. Os pagamentos foram feitos em quatro datas entre maio e junho. Ivanildo foi reconvocado a comparecer à CPI.
“Até agora esse é o elemento mais forte em relação a VTCLog. Não é um procedimento normal uma empresa fazer através de um motoboy um saque de R$ 4,7 milhões em espécie, este sendo um dos saques. Como assim da mesma forma não é normal uma empresa procurar uma agência bancária de seu office boy para fazer o pagamento de dívidas com aquela que ela diz ser seu devedor”, disse Randolfe.
“A VTCLog quer que nós acreditemos que o motoboy foi na agência bancária do Bradesco, do Setor Industrial de Brasília, fazer o pagamento de contas de um devedor da empresa”, continua o senador.
Em nota, o grupo “afirmou que jamais houve qualquer depósito da empresa VTCLog ou de qualquer subsidiária do grupo na conta do ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Dias.” Continuam dizendo que “as imagens maldosamente editadas não mostram é que o ex-diretor, assim como milhares de consumidores, é usuário dos serviços da VOETUR Turismo, empresa pertencente ao grupo”.
Nunes Marques acata pedido que desobrigava motoboy a comparecer na CPI
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Kassio Nunes Marques acatou o pedido que desobrigava o comparecimento do motoboy à sessão de hoje da CPI. Segundo a defesa de Ivanildo, a convocação foi feita de forma ilegal ao apurar ações ocorridas antes do período estipulado pela comissão. Os membros da CPI afirmaram que receberam a notícia da ação acatada por Nunes Marques “com absoluta surpresa e perplexidade”.
“A maioria dos membros da comissão de inquérito recebeu com absoluta surpresa e perplexidade a decisão agravada — muito embora cientes de que vossa excelência decidiu até o momento contra a CPI da Pandemia em virtualmente todos os processos de sua relatória”, ressaltaram.
Em seu lugar foi convocada a CEO da empresa, Andreia Lima, que também não compareceu alegando uma “agenda prévia de viagem relacionada a logística de distribuição das vacinas”.
(Com informações de Basília Rodrigues e Gustavo Uribe, da CNN)*