“Não acredito que Bolsonaro tenha feito”, diz Nunes sobre denúncias da PGR
Ex-presidente foi denunciado junto a outras 33 pessoas na investigação que aponta uma trama golpista no país no contexto das últimas eleições gerais


O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), afirmou que não acredita que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tenha cometido algum crime contra o Estado Democrático de Direito brasileiro, após as denúncias divulgadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR), na terça-feira (18).
“Eu não acredito que o presidente Bolsonaro tenha feito algo desse tipo. […] Não vejo realmente nenhuma falta de comprometimento do presidente Bolsonaro, que foi deputado eleito por muitos anos, foi presidente eleito, não vejo por parte dele falta de compromisso com a democracia”, disse a jornalistas nesta quarta-feira (19).
Nunes também citou que após ter sido eleito, o presidente Lula nomeou os novos comandantes das Forças Armadas após uma solicitação feita ao ministro da defesa, José Múcio Monteiro, e pediu “cautela aos pré-julgamentos”.
“Em dezembro (de 2022) por solicitação do ministro Múcio, do presidente até então eleito, Lula pediu que ele substituísse os comandantes das principais Forças, do Exército, da Marinha, da Aeronáutica, ele substituiu, nomeou as pessoas indicadas pelo presidente Lula, que tomaria posse em primeiro de janeiro. Acho que a gente tem que ter cautela, não fazer pré-julgamentos e ressaltando, nós estamos, vivemos no país democrático, no estado democrático de direito que prevê a presunção da inocência, o direito para a defesa e o contraditório”, comentou.
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, ofereceu denúncia contra 34 pessoas na investigação que aponta uma trama golpista no país que teria o objetivo de manter Bolsonaro na presidência mesmo após sua derrota nas eleições de 2022.
O ex-presidente foi um dos denunciados na peça de Gonet, acusado dos seguintes crimes:
- organização criminosa armada;
- tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito;
- golpe de Estado;
- dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da União, e com considerável prejuízo para a vítima;
- e deterioração de patrimônio tombado.
Gonet entendeu que, como apontou a Polícia Federal (PF), o ex-presidente seria responsável por liderar a organização criminosa citada.
“A responsabilidade pelos atos lesivos à ordem democrática recai sobre organização criminosa liderada por JAIR MESSIAS BOLSONARO, baseada em projeto autoritário de poder. Enraizada na própria estrutura do Estado e com forte influência de setores militares, a organização se desenvolveu em ordem hierárquica e com divisão das tarefas preponderantes entre seus integrantes”, diz trecho da denúncia.
A acusação representa a etapa mais avançada de uma investigação contra o ex-mandatário no Supremo Tribunal Federal (STF). Ao longo dos últimos anos, a Polícia Federal concluiu que o político cometeu crimes em ao menos cinco investigações que tramitam no tribunal. Em três delas, Bolsonaro foi indiciado.