Na semana passada, Bolsonaro disse a Pazuello que não queria a “vacina da China”
O argumento de que João Doria teria visibilidade com a Coronavac fez com que Bolsonaro aceitasse investir na vacina de Oxford, afirma Fernando Molica

O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, sabia das restrições do presidente Jair Bolsonaro à compra, pelo governo federal, de doses da Coronavac, vacina chinesa contra o novo coronavírus que também será produzida pelo Instituto Butantan, que pertence ao governo de São Paulo.
Na última quarta-feira, Pazuello comentou com um interlocutor que decidira adquirir doses da vacina assim que a utilização do produto fosse aprovada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Três dias depois, porém, ele revelou à mesma pessoa que Bolsonaro reprovara a compra.
Na última terça (20), em reunião com governadores e políticos, o ministro anunciou um acordo com o estado de São Paulo para adquirir as vacinas. Ele chegou a dizer que a “vacina do Butantan” seria a vacina brasileira.
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A rivalidade de Bolsonaro com o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), foi decisiva para ele editasse, no início de agosto, medida provisória que autorizou o repasse de R$ 1,9 bilhão para a Fundação Oswaldo Cruz, encarregada de produzir, no Brasil, a vacina que está sendo desenvolvida pelo laboratório AstraZeneca com a Universidade de Oxford.
Diante da resistência do presidente em liberar o dinheiro para a Fiocruz, um político comentou se ele, então, deixaria que apenas João Doria ficasse com o crédito de ter trazido uma vacina para o Brasil. O argumento fez com que Bolsonaro aceitasse investir na vacina de Oxford.
A assessoria do Planalto disse que “o presidente falou sobre o assunto pela manhã, em Iperó, e não tem mais nada para declarar”.
