Na ONU, Bolsonaro não deve se reunir com Biden e outros líderes de potências mundiais
Itamaraty alega incompatibilidade de agendas; em reta final da campanha eleitoral, Bolsonaro passará menos de 24 horas em Nova York
Com previsão de passar menos de 24 horas em Nova York por ocasião da Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), o presidente Jair Bolsonaro (PL) viaja com poucos encontros marcados com outros chefes de Estado e de Governo. Nenhum deles com líderes de grandes potências mundiais.
Não há previsão de Bolsonaro se reunir, por exemplo, com o presidente norte-americano, Joe Biden. A justificativa apresentada é de que pode haver incompatibilidade de agendas. Segundo o Itamaraty, o calendário eleitoral não permite que o presidente brasileiro fique muito tempo fora do país.
Joe Biden discursa logo após Bolsonaro, que falará na abertura do Debate-Geral da 77ª Assembleia-Geral da ONU, na terça-feira (20), por volta das 10h (horário local).
Bolsonaro viaja para Nova York na próxima segunda-feira (19), direto de Londres, logo após a cerimônia do funeral da rainha Elizabeth II, e deve chegar à cidade norte-americana à noite, ainda sem horário definido. O retorno a Brasília está previsto para a tarde do dia seguinte, terça-feira (20), depois dos encontros bilaterais que terá após o discurso.
O presidente brasileiro deve se reunir, como é tradição, com o secretário-Geral da ONU, António Guterres. Nessa conversa, segundo o Itamaraty, Bolsonaro deve tratar sobre o conflito na Ucrânia, a recuperação da economia no período pós-pandemia e a participação permanente do Brasil no Conselho de Segurança da ONU.
As outras reuniões previstas de Jair Bolsonaro são com os presidentes do Equador, Guillermo Lasso; da Guatemala, Alejandro Giammattei; da Polônia, Andrzej Duda; e da Sérvia, Aleksandar Vučić. O Itamaraty ressalta, no entanto, que outras reuniões podem ser marcadas de última hora e também que as já previstas podem não ocorrer.
A Assembleia-Geral da ONU é composta atualmente por 193 membros. A expectativa, ainda de acordo com o Itamaraty, é de que este ano 130 chefes de Estado e de Governo estejam presentes ao debate geral.
Em Nova York, Bolsonaro estará acompanhado do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, que se tornaria inelegível se ficasse no Brasil e assumisse a presidência da República interinamente. A CNN apurou que também fazem parte da comitiva que vai à ONU o ministro das Relações Exteriores, Carlos França, o ministro das Comunicações, Fábio Faria, e o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira.
Outras reuniões do Brasil na ONU
O ministro das Relações Exteriores, embaixador Carlos França, permanecerá em Nova York por mais tempo, de segunda (19) a sexta-feira (23). O chanceler brasileiro terá reuniões bilaterais e mais amplas, com outros chanceleres.
Estão previstas reuniões de Carlos França com ministros de Japão, Rússia, Belarus, El Savador, Guiné-Bissau, Suriname, Emirados Árabes, Irã, Bahrein, Guiana, Camboja, Indonésia, Senegal, Turquia. Está previsto ainda um encontro com o secretário-Geral da Liga Árabe.
O ministro Carlos França também irá participar das reuniões ministeriais do G4 (grupo formado por Brasil, Alemanha, Índia e Japão) e dos países do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Há, ainda, previsão de que o chanceler brasileiro participe de uma reunião do IBAS (Fórum de Diálogo entre Índia, Brasil e África do Sul).
O Brasil deve participar também de uma série de encontros temáticos, paralelos à sessão de abertura dos debates da Assembleia-Geral ONU: Cúpula da Transformação da Educação, onde estará presente um secretário do Ministério da Educação; reunião ministerial anual do G77-China (maior grupo negociador na Conferência do Clima da ONU); reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas; e uma reunião de alto nível em comemoração ao 20º aniversário da Declaração dos Direitos das Pessoas Pertencentes a Minorias Nacionais, Étnicas, Religiosas ou Linguísticas.