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    Na CPI, Pazuello responderá parte das perguntas e deve poupar presidente

    À CPI, ex-ministro da Saúde deverá abdicar parcialmente do direito ao silêncio que lhe foi garantido pelo STF

    Caio Junqueirada CNN

     

    O ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello deverá abdicar parcialmente do direito ao silêncio que lhe foi garantido pelo STF (Supremo Tribunal Federal) na CPI da Pandemia nesta quarta-feira (19).

    Ele disse a interlocutores que pretende falar. Teria dito que “o cidadão Pazuello quer ouvir o que o ministro Pazuello tem a dizer sobre sua gestão”. Quer, sim, vender na CPI feitos que considera positivos de sua gestão, como a aquisição de vacinas.

    O direito ao silêncio, contudo, será utilizado muito quando recomendado pelos advogados que lhe acompanharão presencialmente: Diogo Palau, advogado da União, e, do Rio, Zoser Hardman, criminalista que ele chamou para ajudar na sua estratégia jurídica.

    O silêncio, segundo interlocutores, será clamado em situações como quando houver:

    1. perguntas subjetivas,
    2. pedido de impressões pessoais,
    3. desrespeito, 
    4. ameaças, 
    5. repetição de perguntas,
    6. perguntas referentes a investigações que já estão em curso pelo Ministério Público.

    Hoje o órgão tem uma investigação contra ele pelo caos do oxigênio em Manaus e outra que foi aberta pelo STF para apurar sua gestão na pandemia.

    Estratégia pós-CPI

    O ex-ministro foi orientado pelo governo a poupar o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de responsabilidades na gestão do ministério. A ideia é que no seu depoimento na CPI da Pandemia ele não entre em rota de colisão com o Palácio do Planalto.

    Pazuello sabe que isso poderá lhe custar a responsabilização criminal no relatório do senador Renan Calheiros (MDB-AL). Mas o governo lhe sinalizou com uma estratégia pós-CPI: questionar a parcialidade da comissão e reivindicar sua nulidade.

    Hoje, o que se discute é que isso seja feito perante os órgãos que farão a investigação judicial após a CPI: Ministério Público Federal e a Polícia Federal. É nesses órgãos que o governo pretende desmontar o roteiro que vem sendo desenhado na comissão do Senado.

    Uma outra alternativa é, tão logo o relatório seja aprovado, apresentar questionamento no Supremo Tribunal Federal. Essa possibilidade, porém, hoje é mais remota. Há dúvidas se a Corte no calor político pós-CPI atenderia a um pedido de nulidade do governo.

    Além disso, há precedentes na Corte que desconsideram um relatório de CPI como um fato jurídico. A peça tem o poder de indicar indiciamentos e pedir investigações a órgãos como o MP e a PF.

    Presidente Jair Bolsonaro e ministro da Saúde, Eduardo Pazuello
    Ex-ministro deve poupar o presidente Jair Bolsonaro em seu depoimento à CPI nesta quarta-feira
    Foto: Ueslei Marcelino/Reuters (8.dez.2020)