Mundo político e mercado reagem positivamente à declaração de Bolsonaro
Em uma declaração à nação, presidente negou intenção de agredir Poderes e não acatar ordens judiciais
O mundo político reagiu de maneira positiva à declaração à nação do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na tarde desta quinta-feira (9) negando a intenção de agredir os outros Poderes da República.
Após os seus discursos contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes nos atos de 7 de Setembro, Bolsonaro declarou agora que não teve “nenhuma intenção de agredir quaisquer dos Poderes”.
O novo posicionamento do presidente gerou reações.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), afirmou, nas redes sociais, que a postura de Bolsonaro vai ao encontro do que a “maioria dos brasileiros espera”.
“A declaração à nação do presidente Jair Bolsonaro, afirmando inclusive que a ‘harmonia entre os Poderes é uma determinação constitucional que todos, sem exceção, devem respeitar’, vai ao encontro do que a maioria dos brasileiros espera. Respeito entre os Poderes, obediência à Constituição e compromisso de trabalho árduo em favor do desenvolvimento do país. É disso que o Brasil precisa e que vamos continuar defendendo”, afirmou Pacheco.
Ciro Nogueira (PP-PI), ministro-chefe da Casa Civil, exaltou o tom mais conciliador da nota divulgada pelo presidente: “A harmonia e o diálogo entre os poderes compõem as bases nas quais se sustenta nosso país. O gesto do presidente Jair Bolsonaro demonstra que estamos unidos no trabalho pelo que mais importa, a recuperação do nosso país e o cuidado com os brasileiros”, escreveu.
A harmonia e o diálogo entre os poderes compõem as bases nas quais se sustenta nosso país. O gesto do presidente @jairbolsonaro demonstra que estamos unidos no trabalho pelo que mais importa, a recuperação do nosso país e o cuidado com os brasileiros.https://t.co/gAtiyI1JVo
— Ciro Nogueira (@ciro_nogueira) September 9, 2021
Em entrevista à CNN, o presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, elogiou a declaração de Bolsonaro. “Todo movimento que vem para serenar é positivo”, destacou o tucano.
O vice-presidente da Câmara, o deputado Marcelo Ramos (PL-AM), que já teve atritos em público com o presidente, comentou a nova postura.
“Não julgarei as motivações do presidente para emitir a Nota Oficial em que pede desculpas e tenta uma pacificação. Há um país real muito sofrido esperando capacidade de enfrentar o desemprego, a fome e a inflação. Se o recuo do presidente servir a esses objetivos, vamos em frente”, disse Ramos.
Não julgarei as motivações do presidente pra emitir a Nota Oficial em que pede desculpas e tenta uma pacificação. Há um país real muito sofrido esperando capacidade de enfrentar o desemprego, a fome e a inflação. Se o recuo do presidente servir a esses objetivos, vamos em frente.
— Marcelo Ramos (@marceloramosam) September 9, 2021
Os parlamentares integrantes da CPI da Pandemia também se pronunciaram.
O presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), lembrou que nesta quinta Bolsonaro também adotou um tom mais moderado ao participar de uma reunião com o presidente da China, Xi Jinping.
“O dia 09.09 é histórico. Dia que Bolsonaro fez autocrítica sobre a China. E dia que ele recuou na tensão com outros poderes. Se for ato genuíno é louvável. Se for jogada para liberação do recurso de precatórios para programas eleitoreiros em 22, é lastimável”, escreveu nas redes sociais o senador.
O dia 09.09 é histórico. Dia que Bolsonaro fez autocrítica sobre a China. E dia que ele recuou na tensão com outros poderes. Se for ato genuíno é louvável. Se for jogada para liberação do recurso de precatórios para programas eleitoreiros em 22, é lastimável. Estaremos alerta!
— Omar Aziz (@OmarAzizSenador) September 9, 2021
Já o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da comissão, adotou um tom mais ameno: “Torço para que isso seja refletido na prática, e que não sejam apenas palavras ao vento. Continuaremos vigilantes”.
Segundo a analista de política da CNN Renata Agostini, o presidente do PSDB, Bruno Araújo, afirmou que “qualquer movimento de serenar o ambiente é bem-vindo” e que “espera que não não seja seguido pelas constantes recaídas”.
O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, afirmou para a analista que “bom senso deve ser comemorado”, mas acha que a postura moderada não deve durar.
Ao analista de política da CNN Leandro Resende, o deputado Marcelo Freixo (PSOL-RJ), disse que viu o recuo de Bolsonaro com “surpresa e desconfiança”. Na avaliação do deputado, a ação é motivada pela repercussão dos discursos de Bolsonaro, que fizeram voltar ao debate um possível impeachment do presidente.
O analista ainda relata a surpresa dentro do PSL, partido pelo qual Bolsonaro foi eleito em 2018. Momentos antes da divulgação da nota, os membros do partido aliado ao governo ainda defendiam a posição do presidente durante do 7 de Setembro.
Mercado e investidores
Após a declaração de Bolsonaro, a Bolsa subiu 1,66%, e o dólar caiu, em sinal de aprovação.
Ao CNN Prime Time, Gustavo Loyola, ex-presidente do Banco Central, disse que “a carta é positiva, porque acena com uma pacificação”. “É preciso ter esse foco, de atacar os problemas nacionais, e transmitir aos agentes econômicos a segurança e a tranquilidade que eles precisam para decisões de investimento”.