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    Múcio vai pedir acesso às informações de delação de Cid sobre plano de golpe com militares

    Tenente-coronel Mauro Cid disse em delação à PF que Bolsonaro discutiu plano de golpe com cúpula do Exército, Aeronáutica e Marinha

    O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro
    O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro Antonio Cruz/ Agência Brasil - 26.jun.2019

    Léo Lopesda CNN

    em São Paulo

    O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, disse, nesta quinta-feira (21), que vai pedir acesso às informações da delação do tenente-coronel Mauro Cid à Polícia Federal (PF).

    “Não tenha dúvida nenhuma [que vamos pedir acesso às informações]. Agora, acho que o tempo é da Justiça, e a Justiça é que vai decidir isso”, disse o ministro a repórteres em frente ao Ministério da Defesa.

    Veja: Fontes: Marinha teria aceitado dar golpe de Estado; Exército, não

    “Na hora que as Forças Armadas decidiram que a gestão disso seria da Justiça e do ministro [do Supremo Tribunal Federal (STF)] Alexandre de Moraes, nós ficamos apenas aguardando que os processos fossem conclusos para que nós pudéssemos tomar as providências”, completou.

    O ex-ajudante de ordens afirmou à PF que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se reuniu com a cúpula do Exército, da Marinha e da Aeronáutica para discutir detalhes de um plano de golpe para não deixar o poder. O encontro teria ocorrido quando Bolsonaro ainda estava na presidência, após as eleições do ano passado.

    No encontro, as Forças Armadas teriam sido consultadas sobre a possibilidade de uma intervenção militar. A resposta da cúpula da Marinha, ainda segundo Mauro Cid, teria sido que as tropas estavam prontas para agir, apenas aguardando uma ordem dele. Já o comando do Exército não teria aceitado o plano.

    Múcio disse que não teve acesso a nenhuma informação sobre a delação: “Eu vivo das informações que vocês da imprensa divulgam de manhã cedo.”

    “Gostaria muito de tê-las até para que pudéssemos tomar as providências, mas nós não temos essas informações”, acrescentou.

    Múcio deve falar sobre delação com comandantes das Forças: “Suspeição coletiva incomoda”

    O ministro também destacou que as notícias envolvendo a antiga cúpula das Forças Armadas “não mexe conosco porque trata-se de pessoas que pertenceram aqui”.

    “Evidentemente que constrange esse ambiente que a gente vive. Essa aura de suspeição coletiva nos incomoda. Mas essas declarações, essas coisas que saíram hoje são relativas ao governo passado, a comandantes passados. Não mexe com ninguém que está na ativa”, completou.

    Múcio disse que pretende conversar com os comandantes atuais das Forças sobre as notícias envolvendo a delação de Cid e um plano de golpe envolvendo militares.

    Ele explicou que já tinha um encontro marcado com almirante Marcos Sampaio Olsen, que comanda a Marinha, por outros assuntos. “Eu vou estar presencialmente por outro assunto, e esse será um dos assuntos com o almirante Olsen”, disse Múcio.

    “Acho que com o brigadeiro [Marcelo] Damasceno [da Força Aérea] também por conta de outros assuntos. Mas o general Tomás [Paiva, comandante do Exército] está em Tabatinga, no norte do Amazonas, de maneira que, pessoalmente, só vou falar com ele na sexta-feira (22)”, acrescentou o ministro.

    Múcio disse que acredita que os comandantes dirão “a mesma coisa”: “Nós não temos nada além do que vocês [da imprensa] informaram.”

    Só uma coisa eu tenho absolutamente certeza cristalina: o golpe não interessou em momento nenhum às Forças Armadas. São atitudes isoladas de componentes das Forças. Mas o Exército, a Marinha e a Aeronáutica, nós devemos a eles a manutenção de nossa democracia.

    José Múcio Monteiro, ministro da Defesa

    Cid diz em delação que Bolsonaro discutiu plano de golpe com cúpula do Exército, Aeronáutica e Marinha

    O tenente-coronel Mauro Cid disse à Polícia Federal que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se reuniu com a cúpula do Exército, da Marinha e da Aeronáutica para discutir detalhes de um plano de golpe para não deixar o poder. O encontro teria ocorrido quando Bolsonaro ainda estava na presidência, após as eleições do ano passado.

    A informação confirmada pela CNN foi revelada primeiramente por O Globo e UOL.

    Segundo fontes com acesso à investigação, Cid detalhou duas situações. Em uma delas, cita que Bolsonaro recebeu em mãos uma minuta golpista. Em outro momento, o ex-ajudante de ordens detalha a reunião com a cúpula militar.

    No encontro, as Forças Armadas teriam sido consultadas sobre a possibilidade de uma intervenção militar.

    Veja: Bolsonaro reúne QG e avalia confronto com Mauro Cid

    A resposta da cúpula da Marinha, ainda segundo Mauro Cid, teria sido que as tropas estavam prontas para agir, apenas aguardando uma ordem dele. Já o comando do Exército não teria aceitado o plano.

    Esse depoimento sobre plano golpista e minuta do golpe é um dos pontos analisados na delação premiada fechada por Mauro Cid com a Polícia Federal.

    O tema é tratado com cautela e sigilo. Para os fatos serem validados e as pessoas citadas pelo tenente-coronel serem eventualmente responsabilizadas, é preciso que haja provas que corroborem as informações repassadas pelo ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro.

    Em nota, o advogado de Cid, Cezar Bitencourt, disse que não confirma o conteúdo da delação por se tratar de assunto sigiloso.

    Procurada, a defesa de Bolsonaro ainda não respondeu à reportagem.

    A CNN também entrou em contato com Exército, Marinha e Aeronáutica. Mas ainda não teve retorno.