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    Mourão diz não ver problema em permanência de Milton Ribeiro no governo

    Vice-presidente argumentou que situação precisa ser mais bem "esclarecida" antes de tomar conclusões sobre os áudios divulgados

    Giovanna GalvaniRafaela Larada CNN , em São Paulo

    O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, foi questionado nesta quarta-feira (23) acerca das suspeitas de que o ministro da Educação, Milton Ribeiro, tenha favorecido pastores aliados na distribuição de recursos da pasta.

    Mourão avaliou que ainda não há “esclarecimento” sobre o caso. Em áudios divulgados pelo jornal “Folha de S. Paulo”, Ribeiro diz “atender primeiro os municípios que mais precisam e, em segundo, atender a todos os que são amigos do pastor Gilmar.”

    Para o vice, o ministro deve permanecer na pasta da Educação no momento.

    “Enquanto não houver um esclarecimento bom a respeito disso, eu acho que não há problema dele continuar no governo, até pela forma que o ministro se comporta. Eu tenho profundo respeito por ele”, disse.

     

    “Eu acho que tem que esclarecer melhor essa situação para se chegar à conclusão do que realmente ocorreu, e se realmente houve algo que não seja realizado dentro dos princípios da administração pública”, declarou.

    “Tem que ver qual que é o valor que isso foi executado, se realmente houve esse tráfico de influência, se esses recursos que foram distribuídos estavam fora de um planejamento que já havia, se eles foram executados de forma correta”, avaliou Mourão.

    O vice-presidente também disse que não poderia “emitir um juízo de valor” sobre o tema porque não sabia se as gravações foram editadas. Porém, Milton Ribeiro se posicionou sobre o tema na terça-feira (22) e não contestou a veracidade do áudio divulgado, e sim negou que suas falas implicassem no favorecimento de aliados evangélicos.

    “Diferentemente do que foi veiculado, a alocação de recursos federais ocorre seguindo a legislação orçamentária, bem como os critérios técnicos do Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação (FNDE). Não há nenhuma possibilidade de o ministro determinar alocação de recursos para favorecer ou desfavorecer qualquer município ou estado”, diz trecho da nota enviada pelo ministro. Leia a íntegra.

    Entenda o caso

    Em áudios obtidos pelo jornal “Folha de S.Paulo”, Ribeiro afirma que recebeu um pedido do presidente Jair Bolsonaro (PL) para que a liberação de verbas da pasta seja direcionada para prefeituras específicas a partir da negociação feita por dois pastores evangélicos que não possuem cargos no governo federal.

    Na gravação, Ribeiro diz que se trata de “um pedido especial do presidente da República”.

    “Foi um pedido especial que o presidente da República fez para mim sobre a questão do [pastor] Gilmar”, diz o ministro na conversa com prefeitos e outros dois pastores, segundo o jornal.

    Ribeiro continua: “Porque a minha prioridade é atender primeiro os municípios que mais precisam e, em segundo, atender a todos os que são amigos do pastor Gilmar.”

    Os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura são os citados nos áudios. Segundo o jornal, os dois religiosos têm negociado com prefeituras a liberação de recursos federais para obras em creches, escolas e compra de equipamentos de tecnologia.

    Na conversa vazada, o ministro de Bolsonaro indica que, com a liberação de recursos, pode haver uma contrapartida.

    “O apoio que a gente pede não é segredo, isso pode ser [inaudível] é apoio sobre construção de igrejas”. Nos áudios, não fica claro a forma como esse apoio se daria.

    No ano passado, para poupar as emendas parlamentares de um corte maior, o governo promoveu um bloqueio de R$ 9,2 bilhões de despesas de ministérios e estatais que atinge principalmente a Educação.

    pasta da Educação teve o congelamento de R$ 2,7 bilhões, segundo informações da analista de política da CNN Basília Rodrigues.

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