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    Morte de preso pelo 8/1: Relatório da Defensoria aponta demora no socorro e falta de equipamento

    Defensores públicos também ouviram os servidores do presídio, que negaram falta de atendimento ao detento

    Tainá FarfanLeonardo Ribbeiroda CNN , Brasília

    A Defensoria Pública do Distrito Federal concluiu um relatório que apura as circunstâncias da morte de Cleriston Pereira da Cunha. Preso por participação nos atos do dia 8 de janeiro, ele sofreu um mal súbito na segunda-feira (20), durante banho do sol no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília.

    Ao todo, 40 detentos envolvidos nos atos do dia 8 de janeiro foram ouvidos para produção do relatório. Servidores do presídio, socorristas entre eles, também prestaram esclarecimentos sobre o que aconteceu no dia em que Cleriston passou mal e acabou morrendo.

    De acordo com relatos coletados pela Defensoria Pública, o socorro prestado ao detento foi lento. “Os presos, em uníssono, por sua vez, disseram às duas Defensoras Públicas presentes que o atendimento ao preso foi demorado. Que não havia desfibrilador no local, tampouco cilindro de oxigênio”, diz o texto.

    Ainda de acordo com o relatório, os próprios colegas de ala tentaram reanimá-lo, pois um deles é médico e o outro é dentista. Sendo socorrido pelos demais presos, Cleriston ainda teria sido reanimado por duas vezes, mas não resistiu. “Depois de, aproximadamente, vinte e cinco minutos, apareceu uma médica com estetoscópio e aparelho para medir pressão arterial, instrumentos inadequados para a urgência médica”, completa o documento.

    Outro trecho do documento explica que era ponto facultativo no Governo do Distrito Federal no dia em que o Cleriston morreu. E esse fato resultou em menos servidores no presídio.

    Os defensores que apuram o caso também ouviram servidores que trabalhavam no presídio no dia do incidente. Esses, por outro lado, garantiram que o socorro foi prestado imediatamente:

    “Foi célere, com chamamento imediato do SAMU, do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal e atendimento do setor médico do local. O helicóptero dos Bombeiros não foi ao local por causa do mau-tempo, mas foi acionado”, diz o relatório.

    Os defensores também incluíram no relatório que a maioria dos presos ouvidos afirmaram que também tem problemas de saúde. O documento servirá de base para futuras ações judiciais ligadas ao tema.

    A Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal (Seap-DF) informou que os profissionais das unidades prisionais não aderiram ao ponto facultativo e trabalharam normalmente.

    Segundo a pasta, Cleriston Pereira da Cunha foi atendido prontamente pela equipe da unidade básica de saúde prisional, que iniciou o atendimento imediato tão logo constatado o desmaio.

    Liberdade provisória negada

    A defesa de Cleriston Pereira da Cunha havia pedido ao Supremo Tribunal Federal (STF), em agosto, sua liberdade provisória.

    O advogado Bruno Azevedo de Sousa, que assinou o pedido, argumentou na ocasião: “(Cleriston) possui a sua saúde debilitada em razão da Covid-19, que lhe deixou sequelas gravíssimas, especificamente quanto ao sistema cardíaco”.

    A Procuradoria-Geral da República (PGR) se manifestou em 1º de setembro de forma favorável ao pedido de liberdade provisória do preso, com a adoção de medidas como uso de tornozeleira eletrônica. Não houve decisão do ministro Alexandre de Moraes sobre o pedido.

    A CNN procurou o ministro, por intermédio da assessoria de comunicação do STF, sobre a razão de não haver uma decisão. A resposta recebida é de que ele não vai se manifestar.

    O ministro Alexandre de Moraes determinou na segunda-feira que a direção do Centro de Detenção Provisória 2, do Complexo da Papuda, preste informações detalhadas sobre a morte de Cleriston.

    A penitenciária deverá enviar uma cópia do prontuário médico e relatório médico dos atendimentos recebidos pelo detento durante o período em que ele ficou no local.

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