Morte de líder do Hamas foi excesso que pode escalar muito a guerra, diz Amorim
Assessor da Presidência classificou assassiato como “muito grave” e disse que Irã pode ser “forçado a tomar uma atitude que vai radicalizar toda a situação na região”
O assessor-chefe da Presidência da República, Celso Amorim, disse na quinta-feira (1º), em entrevista à RedeTV, que a morte do líder político do Hamas, Ismail Haniyeh, no Irã, foi um excesso que pode escalar muito a guerra no Oriente Médio.
“Eu sou contra toda essa guerra, mas eu digo, nesse caso em particular, que [a morte de Haniyeh] foi um excesso que pode custar muito caro. Acho que [a guerra] pode escalar muito”, afirmou Amorim.
Haniyeh foi assassinado em Teerã, na última quarta-feira (31), por um dispositivo explosivo que estava secretamente escondido na casa onde ele estava hospedado na capital iraniana. Israel não confirmou nem negou o seu envolvimento no caso.
De acordo com Amorim, o “Irã tinha acabado de eleger um líder um pouco mais moderado, segundo a visão ocidental”. “E ele vai acabar sendo forçado a tomar uma atitude que vai radicalizar toda a situação na região. É um ato muito grave”, acrescentou.
Ainda na avaliação de Amorim, a morte do líder do Hamas funciona “como um vórtice, que pode puxar para dentro países que tinham uma relação normal com Israel e difícil com a Palestina, sobretudo com o Hamas, como é o caso do Egito”.
Posição oficial do governo
Ainda na quarta-feira, o governo brasileiro condenou “veementemente” o assassinato de Haniyeh. Em nota, o Itamaraty declarou que atos de violência dificultam a busca por estabilidade no Oriente Médio e a solução do conflito na Faixa de Gaza.
O Brasil também criticou o que chamou de “desrespeito à soberania e à integridade territorial do Irã, em clara violação aos princípios da Carta das Nações Unidas”.
Horas antes do assassinato, Haniyeh havia participado da cerimônia de posse do novo presidente do Irã, Masoud Pezeshkian, 69, eleito no mês passado. A posse de Pezeshkian contou inclusive com a presença do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), que representou o Brasil no evento.
No entanto, o líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, é quem tem a palavra final em todos os assuntos de Estado.