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    Molon cobra apuração de vazamentos na PF; para Jordy, operação já era conhecida

    Em debate na CNN, os deputados federais falaram sobre a operação da PF que teve como alvo o governador do Rio, Wilson Witzel

    A operação da Polícia Federal (PF) nesta terça-feira (26) despertou polêmica não só por ter como alvo o governador do Rio, Wilson Witzel (PSC), mas devido às suspeitas de vazamento. Ontem, a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) disse à Rádio Gaúcha que a PF deflagraria operações contra governadores. Hoje, ela negou que tenha recebido informações privilegiadas sobre ações da PF.

    Os deputados Alessandro Molon (PSB-RJ) e Carlos Jordy (PSL-RJ) debateram sobre a operação na CNN. Para Molon, o vazamento ocorreu e “o crime deve ser investigado”. Já para Jordy, a informação teria sido divulgada “semanas antes por parte da imprensa”. Entretanto, ambos concordaram sobre a relevância da investigação e afirmaram que os casos devem ser apurados corretamente. 

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    “De fato, tudo indica que está havendo vazamento de informações da corporação. Pela fala da deputada em entrevista ontem tudo indica que, sim, está havendo vazamento de informações, o que não surpreende, pois este era um dos grandes objetivos do presidente Bolsonaro quando trocou Moro e Valeixo. Ele queria era ter gente na PF que desse informações a ele”, afirmou Molon.  

    O deputado do PSB fez uma ressalva, dizendo que não é “contra a operação da PF, contra Witzel ou quem quer que seja.”

    “Por tudo que foi divulgado, há fortes indícios de que houve crime e todo desvio de dinheiro público, seja de quem for, deve ser investigado e punido com todo rigor, isto está certo. O que está errado é vazar informações”, argumentou. 

    Jordy alegou que as informações já estavam sendo divulgadas “amplamente pela mídia”.

    “Se vocês me perguntarem se a deputada Zambelli sabia de alguma operação, eu vou dizer que eu sabia, todos sabíamos e, se houve vazamento, foi algo por parte da imprensa. Isso foi amplamente anunciado nas semanas anteriores, inclusive tenho inúmeras reportagens que demonstram isso. Isso era do conhecimento do cidadão comum”, afirmou.

    Segundo o deputado do PSL, “isso estava acontecendo porque é óbvio que há ílicitos nos entes federativos, que estão se aproveitando deste momento de calamidade pública para cometer desvios na saúde. Obviamente isso foi um desdobramento da prisão de Mário Peixoto“.

    Autonomia da PF

    Questionados sobre a possibilidade de a PF ser utilizada para fins políticos, os dois deputados concordaram que não há indícios de que isso de fato aconteça. 

    “É claro que não, a polícia tem a sua autonomia, tem feito diligências em todos os estados. Todos nós estamos sujeitos a investigações, inclusive o presidente. A Polícia Federal não está sendo utilizada para fins políticos e sim dar subsídios para investigar atos ilícitos (…) Witzel é suspeito e tem diversas pessoas ao seu redor que estão sendo investigadas, ele não está acima da lei.”, argumentou Jordy. 

    “Sinceramente, não acho que a polícia tem sido usada politicamente, não vejo nesta ação que a polícia está sendo usada desta forma. Acho as denúncias graves e acredito que o ministro do STJ que autorizou a operação deve ter razões fundadas para isso.”, completou Molon. 

    Molon disse ainda que, para colocar fim a polêmicas como estas de possível vazamento, “o ideal seria nenhum político ter acesso” aos casos investigados e que os crimes devem ser apurados para que os envolvidos sejam punidos. 

    “A primeira coisa é nenhum parlamentar e nenhum presidente da República ter acesso a nenhuma informação antecipada, e que [a operação] seja sigilosa. Ninguém pode saber que a PF vai realizar uma operação, pois isso prepara uma pessoa  para a defesa sobre isso. Então, o vazamento de uma informação sigilosa é um crime. As operações que ocorreram hoje não afetam a Polícia Federal porque tudo indica que as denúncias são graves e as pessoas têm que responder por isso”, disse.

    Já para Jordy, não houve vazamento. O deputado defendeu que Zambelli apenas relatou o fato para “seus pares” e que tudo que se sabe veio pela imprensa. 

    “Eu queria pedir para o deputado Molon que, se ele tiver qualquer comprovação de crime, seja por parte do presidente, que ele faça representação à PGR, pois são denúncias muito graves. Nós sabemos que a oposição traz essas situações para querer desgastar o governo, uma narrativa mentirosa. A polícia sempre trabalhou de forma séria, eu acho que nada disso afeta a credibilidade da corporação. E se há um vazamento, então se apure. Mas eu garanto que este ‘vazamento’ são relatos de uma deputada e fatos noticiados por parte da imprensa”, concluiu.

    A Operação Placebo

    A Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão em vários endereços no Rio de Janeiro e em São Paulo, na manhã desta terça-feira (26). As equipes foram ao Palácio das Laranjeiras, residência oficial do governador do estado, Wilson Witzel (PSC), e na casa onde ele morava antes de ser eleito.

    Os agentes da PF também foram ao escritório de Helena Witzel, primeira-dama do estado, e na casa do ex-subsecretário de saúde, Gabriell Neves.

    A Operação Placebo apura desvios na saúde pública do Rio em negociações de emergência durante a pandemia do novo coronavírus.

    A investigação envolve a Polícia Civil, o Ministério Público Estadual e o Ministério Público Federal, e aponta para a existência de um esquema de corrupção envolvendo uma organização social contratada para a instalação de hospitais de campanha e servidores da cúpula da gestão do sistema de saúde do estado do Rio de Janeiro.

     

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