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    Minoria do governo em CPI é culpa de falta de articulação, diz vice-líder

    Senador Marcos Rogério (DEM-RO) disse que CPI da Covid-19 não deveria se instalada neste momento

    Caio Junqueira, Gregory Prudenciano e Jorge Fernando Rodrigues, da CNN, em São Paulo

    Em entrevista à CNN nesta terça-feira (20), o vice-líder do governo no Senado Marcos Rogério (DEM-RO) reforçou críticas à articulação política do governo Jair Bolsonaro (sem partido) frente à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, que deverá ser instalada no Senado na próxima terça-feira (27). Segundo o parlamentar, a falta de articulação do governo levou a uma composição do inquérito com predomínio de senadores críticos ao Planalto.

    “A pergunta que você faz em relação a como é possível deixar, nesse momento, a CPI ter uma composição majoritariamente contra o governo, bom, essa pergunta eu tenho feito também”, ironizou. Marcos Rogério destacou disse ainda que “tem partidos que têm assento na Esplanada dos Ministérios e que, na indicação de membros da comissão, indicou apenas parlamentares de oposição”. 

    O senador disse que fez essas críticas pessoalmente à ministra Flávia Arruda, da Secretaria de Governo, mas, resignado, falou que “feitas essas escolhas, agora é trabalhar para que a comissão funcione dentro de um ambiente de equilíbrio, de racionalidade, e, sobretudo, com foco na investigação de fatos, de condutas, de ações e omissões”, aludindo aos requerimentos que deram origem à investigação. 

    Marcos Rogério reforçou que a CPI não pode tem como alvo o presidente Jair Bolsonaro, mas sim a condução do governo na política de enfrentamento à pandemia, além do que chamou de “caminho do dinheiro”, em referência ao uso de verbas federais por parte de estados e municípios, incluídas no escopo da investigação após pressão do governo federal. 

    Na segunda-feira (19), o senador disse ao colunista da CNN Caio Junqueira que o governo Jair Bolsonaro (sem partido) está errando por falta de articulação política no Senado Federal. “O governo errou, deixou correr solto e agora querem correr atrás do prejuízo. O Palácio não procurou a própria base para conversar”, reclamou Marcos Rogério.

    Críticas à instalação da CPI 

    À CNN, o senador destacou que a comissão só será instalada por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF) e afirmou que compartilha da visão do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), de que este não seria o momento adequado para uma CPI, que segundo Marcos Rogério pode tirar o foco do enfrentamento da pandemia. 

    “O trabalho de uma Comissão Parlamentar de Inquérito não vai abrir leitos de UTI Brasil afora, não vai garantir mais médicos Brasil afora, vai colocar quem está no fronte de enfrentamento à Covid 19 em salas no campo de defesa”, argumentou. 

    O senador reconheceu a legitimidade da CPI como um instrumento importante para a oposição no Congresso Nacional. No entanto, o parlamentar, que deverá integrar a comissão, disse que a CPI não pode ser capturada por “radicalismo” ou “extremismo”, e destacou que a comissão só será instalada por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF). 

    “Não sou contra a CPI, só tenho preocupações sobre a maneira que ela vai funcionar, a que propósito ela deve servir neste momento”, afirmou.

     CPI da Covid-19

    Inicialmente, a proposta da CPI da Covid-19 feita pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) era para investigar somente o enfrentamento da pandemia por parte do governo federal. Embora a proposta tenha conseguido reunir número superior às 27 assinaturas necessárias para ser levada adiante, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), se recusou a fazê-lo. 

    Diante da recusa, os senadores Jorge Kajuru (Podemos-GO) e Alessandro Vieira (Cidadania-SE) recorreram ao Supremo Tribunal Federal (STF). Em decisão monocrática posteriormente confirmada pelo plenário do Supremo, o ministro Luís Roberto Barroso determinou a instalação da CPI. 

    Senadores mais alinhados com o governo Bolsonaro se movimentaram, então, para ampliar o escopo da investigação, de forma que o governo federal não fosse o único foco da comissão. Assim, a administração por estados e municípios do dinheiro destinado pela União ao enfrentamento da pandemia também acabou incorporada à investigação.

    Senador Marcos Rogério
    Senador Marcos Rogério
    Foto: Pedro França/Agência Senado – 18/08/2020