Ministros do STF consideram que Bolsonaro tenta desviar foco da CPI da Pandemia
Para ministros do Supremo, presidente retomou uma 'manobra antiga', usada quando ele se sente acuado e se desgastando
Após o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmar nesta quarta-feira (5) que avalia editar um decreto para garantir a “liberdade de culto, de poder trabalhar e o direito de ir e vir”, ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) decidiram “dar de ombros” para a fala do presidente e responder “se acionado, com decisões efetivas”. As informações são da âncora Daniela Lima e da analista Renata Agostini, da CNN.
Os ministros do STF ouvidos pela CNN afirmam que Bolsonaro retomou uma “manobra antiga”, usada quando ele se sente acuado e se desgastando. Disseram também que o presidente não tem apoio para fazer ameaças com o uso de força, como ele insinuou em sua fala nesta quarta-feira (5).
Os ministros da Suprema Corte também questionaram os impactos da fala de Bolsonaro sobre a China ao questionar a origem da Covid-19, dizendo que o presidente escorrega em “manobra diversionista”, que pode custar caro depois de o Brasil perder alinhamento com os Estados Unidos e a China dar demonstrações claras de cansaço com a “diplomacia errática” conduzida no Planalto.
Dois ministros tentaram colocar panos quentes dizendo que o presidente mostra nos bastidores preocupação com cenas de pessoas sendo impedidas de ir e vir.
Decreto em avaliação
Nesta quarta-feira, Bolsonaro afirmou que avalia editar um decreto para garantir a “liberdade de culto, de poder trabalhar e o direito de ir e vir”. Segundo o presidente, a medida “não poderá ser contestada por nenhum tribunal”.
Durante cerimônia no Palácio do Planalto, o presidente voltou a afirmar que “homens e mulheres seguem impedidos de ir à praia ou à igreja”, se referindo às medidas de isolamento decretadas por governadores e prefeitos para contenção da disseminação do coronavírus.
“Peço a Deus que não tenha que baixar esse decreto, mas se baixar ele será cumprido. Com todas as forças que todos os meus ministros têm. E não será contestado esse decreto. Não ousem contestar, quem quer que seja. Sei que o legislativo não contestará, afinal, vocês fizeram a Constituição de 88, ali está a alma do povo.”
“O Brasil não pode ser condenado ao fracasso porque alguém delegou competências esdrúxulas a governadores e prefeitos.”, disse o presidente.
No ano passado, o Supremo Tribunal Federal (STF) confirmou, por unanimidade, a liminar do ministro Alexandre de Moraes que garantiu a governadores e prefeitos também adotar medidas de isolamento social.
