Ministério da Justiça tenta negociar vinda de Tacla Duran ao Brasil, dizem fontes
Momento para que isso ocorra é oportuno por conta da visita do primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, ao Brasil
Conhecido como o contradelator da operação Lava Jato, o advogado Rodrigo Tacla Duran pode retornar ao Brasil nos próximos dias para ser ouvido pela Polícia Federal (PF) e pela Câmara dos Deputados, apurou a CNN.
Segundo fontes Ministério da Justiça, o momento para que isso ocorra é oportuno por conta da visita do primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, ao Brasil nesta semana. As negociações estariam ocorrendo juntamente com o Tribunal Nacional espanhol.
Tacla Duran possui dupla cidadania e, atualmente, vive na Espanha. Ele foi alvo de um mandado de prisão preventiva expedido pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) em 2023 e chegou a ter o nome colocado na lista da Interpol.
Como Tacla Duran já estava no país europeu, não pôde ser preso e os dois países firmaram um acordo de cooperação.
Em agosto do ano passado, o ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeu um habeas corpus preventivo para que o advogado viajasse ao Brasil e prestasse depoimento na Câmara dos Deputados.
Na época, o juiz federal Eduardo Appio, responsável pela 13ª Vara de Curitiba, havia entrado em contato com a procuradora espanhola Maria Teresa Galvez Diez para que Tacla Duran pudesse viajar ao Brasil, mas a medida foi negada por “risco de fuga”.
A medida ocorreu após a convocação para comparecer em uma audiência pública da Comissão de Administração e Serviço Público para esclarecer a denúncia de ter sofrido extorsão durante a Lava Jato. Mesmo com o salvo conduto, Tacla Duran disse que não havia condições de viajar ao Brasil.
Tacla Duran foi advogado da Odebrecht entre 2011 e 2016 e se tornou um revés da operação ao afirmar que os integrantes da Lava Jato cobravam uma espécie de “taxa de proteção” para que eventuais alvos da operação não fossem denunciados — os integrantes na operação negam. A denúncia foi feita, na época, à Justiça Federal de Curitiba.
No auge da Lava Jato, Moro decretou a prisão de Tacla Duran, acusado pela então força-tarefa do Ministério Público Federal (MPF) de usar empresas no Brasil e no exterior para lavar propinas supostamente pagas pela UTC Engenharia e pela Odebrecht e agentes públicos em troca de contratos com a Petrobras.
Em reação, o advogado acusou publicamente Moro por suposta negociação de vantagens em delações premiadas no âmbito da operação.