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    Michelle Bolsonaro usa redes sociais para vender produtos de beleza

    O ex-presidente Jair Bolsonaro e o deputado federal Eduardo Bolsonaro já tinham usado a internet para anunciar camisetas, calendários e canecas; para cientista político, movimento é aposta arriscada

    Michelle Bolsonaro apresentando sua linha de produtos
    Michelle Bolsonaro apresentando sua linha de produtos Reprodução

    Leandro BisaGiovanna Inoueda CNN

    Em Brasília

    Na mesma semana em que tomou posse como presidente nacional do PL Mulher, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, também partiu para a aventura do empreendedorismo no mercado digital.

    Ela usou as redes sociais para lançar uma linha de produtos de beleza. O projeto conta com a parceria do maquiador uruguaio Augustin Fernandez, amigo da família Bolsonaro e presença constante nos eventos oficiais em que a então primeira-dama participou durante o governo passado.

    Michelle não é a primeira da família Bolsonaro a usar as redes sociais para fazer publicidade. Recentemente, um de seus enteados, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), também usou do mesmo artifício para promover uma marca de camisetas.

    No início do ano, o próprio líder do clã lançou uma loja virtual para comercializar produtos diversos que estampam a imagem e o nome do ex-presidente Jair Bolsonaro, que vende calendários, canecas e peso de papel para mesa.

    O vídeo publicitário em que Michelle Bolsonaro lança a linha de maquiagem foi publicado um dia depois que o Tribunal de Contas da União (TCU) decidiu que o seu marido, Jair Bolsonaro, entregasse joias e armas recebidas de presente do governo da Arábia Saudita ao governo brasileiro.

    A própria ex-primeira-dama viu seu nome envolvido na questão depois que o jornal “O Estado de S. Paulo” revelou que outro conjunto de jóias, que seriam dados de presente para ela, foi apreendido pela Receita Federal no aeroporto de Guarulhos (SP). As jóias que seriam dadas para Michelle são avaliadas em R$ 16 milhões de reais.

    No lançamento dos produtos de beleza que levam seu nome, a presidente do PL Mulher relembra especulações sobre a amizade com o maquiador Augustin Fernandez. Ele acompanhou o casal Bolsonaro em viagem a Londres, na ocasião do funeral da rainha Elizabeth II, e postou fotos ao lado da ex-primeira-dama antes dela participar dos compromissos oficiais que faziam parte do funeral da monarca. Em seguida, Michelle e Augustin apresentam os produtos que constam no kit.

    A postagem foi feita na mesma semana em que Eduardo Bolsonaro gravou vídeos para promover uma linha de camisetas de Goiânia (GO). Nas imagens, o deputado aparece com camisetas de cores diferentes enquanto fala da qualidade dos produtos.

    “Vale lembrar que nós não somos homofóbicos. A gente tem inclusive várias cores. É o que a Lucinha (proprietária da marca) chama de arco-íris. Tem pra meninada, mulheres e crianças. E também não somos gordofóbicos, então, se você está um pouquinho acima do peso, fica tranquilo: a Lucinha tem o plus size”, disse o deputado no vídeo. “Lucinha” é o apelido da empresária Lucilene Correia, responsável pela marca.

    No início do ano, causou surpresa o lançamento da loja virtual Bolsonaro Store pelo deputado Eduardo Bolsonaro, uma loja que vende produtos relacionados ao ex-presidente Jair Bolsonaro, como canecas e calendários.

    Segundo o parlamentar, o objetivo do calendário posto à venda é “manter vivo os bons trabalhos do presidente Jair Bolsonaro“. No site, o calendário é descrito como um produto “feito com material personalizado de qualidade premium”, além de trazer “alguns dos mais importantes feitos de Bolsonaro durante seus quatro anos de gestão”.

    Para o cientista político Rócio Barreto, um político associar a sua carreira a uma marca/produto é uma aposta de risco, pois acaba colocando o comercial à frente das bandeiras a serem defendidas pelo político.

    Para ele, não há falta de ética na prática, mas há “incompatibilidade de cargos”. “É o mesmo que um cantor sertanejo aproveitar o espaço de mídia e fãs para se candidatar. As pessoas usam isso para influenciar, aproveitam o espaço que conquistaram em outras áreas e se promovem”, explica.

    Para Barreto, o caso da loja de Bolsonaro tem um preço político “muito grande”. “A oposição usa isso como se eles estivessem fazendo isso para poder se sustentar, porque perderam o espaço dentro do governo”, afirma. Já no caso de Michelle Bolsonaro, o uso de publicidades em redes sociais poderia, segundo o especialista, fazer com que a carreira política dela seja colocada em dúvida, pois as pessoas podem questionar se a intenção é comercial ou trabalho social.