Mendonça assume Justiça e pede a Bolsonaro que cobre mais operações da PF
Horas antes da posse de Mendonça, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, barrou a nomeação de Alexandre Ramagem como diretor-geral da PF
O novo ministro da Justiça e Segurança Pública, André Mendonça, assumiu o cargo nesta quarta-feira (29) em Brasília com um pedido para que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) cobre mais operações da Polícia Federal, que fica sob o guarda-chuva da pasta.
“Vamos fazer operações conjuntas. Cobre de nós mais operações na Polícia Federal, presidente da República”, disse Mendonça.
Mendonça deixou a AGU (Advocacia-Geral da União) para assumir o Ministério da Justiça e Segurança Pública depois da turbulenta saída de Sergio Moro, na semana passada. Moro pediu demissão alegando que Bolsonaro queria interferir politicamente na Polícia Federal, cobrando a saída de Maurício Valeixo — indicado por Moro — para o comando da corporação. O presidente da República nega as acusações.
Horas antes da posse de Mendonça, o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), barrou a nomeação de Alexandre Ramagem como diretor-geral da Polícia Federal justamente por causa da confusão envolvendo a saída de Moro e a mudança no comando da corporação — assuntos que são alvo de inquérito pedido pela PGR (Procuradoria-Geral da República) e autorizado pelo Supremo.
Sintonia
Mendonça bateu continência para Bolsonaro ao assinar sua posse como ministro da Justiça e Segurança Pública. Em seu discurso, disse que estava assumindo o compromisso de ter uma “atuação técnica, imparcial”, e sempre disposta a prestar contas “não só chefe da nação, mas ao povo”.
O novo ministro demonstrou estar em sintonia com Bolsonaro, a quem dedicou elogios. Mendonça disse que o presidente “tem sido há 30 anos um profeta no combate à criminalidade” e que, ao comandar a pasta da Justiça e Segurança Pública, assumia o compromisso de “lutar pelos ideais de uma vida”.
Em outro sinal de afinidade com Bolsonaro, Mendonça também fez diversos acenos aos profissionais de segurança pública, defendendo em vários momentos do discurso a valorização dos policiais das diferentes corporações. O novo ministro também prometeu dar “retaguarda jurídica” a eles.
“O povo lhe elegeu pra isso, e eu serei um fiel missionário dessa mensagem”, disse Mendonça, se dirigindo a Bolsonaro.
Mendonça também disse que sua atuação estará pautada no “equilíbrio entre a busca da eficiência e respeito às garantias individuais”, afirmando que “os fins não justificam os meios.”
Logo no começo de seu discurso de posse, o novo ministro fez uma deferência ao ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Jorge Oliveira, que chegou a ser cotado por Bolsonaro para assumir a Justiça.
Segundo Mendonça, Oliveira “tem sido um exemplo de integridade, de sobriedade” e “tem aberto mão de oportunidades para melhor servir o Brasil”.
Na mesma cerimônia, também tomou posse o substituto de Mendonça na AGU, José Levi. Em seu discurso, ele pediu que a “gestão pública e a advocacia andem juntas” para que iniciativas como Medidas Provisórias (MPs) sejam aprovadas com mais rapidez, “através de um diálogo entre os poderes”.