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    Mandetta recusa pedido de demissão de secretário: ‘Entramos e sairemos juntos’

    Ministro da Saúde decidiu comparecer a entrevista coletiva após 'ruído' gerado com possível saída de braço-direito

    Guilherme Venaglia , Da CNN, em São Paulo

    O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (DEM), rejeitou nesta quarta-feira (15) o pedido de demissão do secretário de Vigilância em Saúde, Wanderson de Oliveira, um dos responsáveis pelas políticas de combate ao novo coronavírus.

    Diferentemente do que estava previsto, Mandetta e Wanderson compareceram à entrevista coletiva realizada diariamente às 17h e permitiram perguntas dos jornalistas. Na abertura do pronunciamento, o ministro comentou a carta de despedida enviada por Wanderson a servidores e disse que não aceitou o pedido.

    “Vamos ficar juntos, até o momento de sairmos juntos do Ministério da Saúde. Por isso, eu fiz questão de vir até aqui nesta coletiva de hoje”, disse Mandetta. “Entramos no ministério juntos, estamos no ministério juntos e sairemos do ministério juntos. Hoje teve muito ruído por causa do Wanderson, que mandou a carta lá para o setor dele. Chegou até mim, eu já disse que não aceito e acabou esse assunto.”

    Oliveira também disse que está com Mandetta “até o final”.

    “Estou com o ministro Mandetta até o final deste trabalho, e esperamos que a gente consiga salvar o máximo de vidas possível”, disse o secretário. “Se a gente fizer o básico, nós vamos superar essa epidemia.”

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    No dia 6, quando a demissão de Mandetta chegou a ser dada como certa nos bastidores da política, o ministro já tinha dito que, caso saísse, sua equipe sairia junto.

    Na manhã desta quarta, Oliveira anunciou sua saída do cargo em uma carta a servidores à qual a CNN teve acesso. Em um trecho, o secretário diz: “Só Deus para entender o que o querem fazer. De qualquer forma, a gestão do Mandetta acabou e preciso me preparar para sair junto, pois esse é um cargo eletivo e só estou nele por decisão do Mandetta.” 

    Mandetta aguarda demissão

    Segundo apurou a CNN com deputados federais que participaram nesta quarta (15) de encontro com Mandetta, o ministro disse que espera ser demitido do cargo entre hoje e quinta-feira (16).

    “A gente chegou e o ministro (Mandetta) já abriu a reunião se despedindo, dizendo que não fica. Mas ele nos garantiu que vai ter responsabilidade e comprometimento com o Brasil até o último minuto”, afirmou a deputada Paula Belmonte (Cidadania-DF).

    Ao lado de Mandetta e Wanderson na entrevista coletiva está o secretário-executivo da Saúde, João Gabbardo, um dos nomes cotados para assumir o ministério caso confirmada a mudança no comando.

    Durante a entrevista coletiva, o ministro adotou tom de despedida ao ser questionado sobre a possibilidade de deixar o cargo. Reiterou que só sai se ficar doente, se sentir que o trabalho está concluído, ou, como parece mais provável, caso seja dispensado pelo presidente Jair Bolsonaro.

    O ministro Mandetta disse avaliar que os dados indicam que as quarentenas adotadas no país estão sendo positivas para conter a explosão dos casos e permitir que o país se preparasse para um alto volume de atendimentos. Ele disse que espera, caso seja substituído, que o sucessor siga “a ciência”.

    “Seja lá quem o presidente colocar no Ministério da Saúde, que seja alguém que ele confie e que ele dê as condições para a pessoa trabalhar baseada na ciência, nos números e na transparência dos casos, para que a sociedade possa, junto com seus governadores e seus prefeitos, tomar as melhores decisões”. 

    ‘Descompasso’

    Corroborando a expectativa de que deixe o cargo, Luiz Henrique Mandetta afirmou que há um “descompasso” entre o Ministério da Saúde e o Palácio do Planalto. “Eu não estou contra ninguém, são visões diferentes”, afirmou.

    Ele disse entender críticas que são feitas e a possibilidade de que haja outras alternativas. Citou, nominalmente, o deputado Osmar Terra (MDB-RS), que ofereceu ao ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni (DEM), ajuda para substituí-lo.

    “Ele [o presidente Jair Bolsonaro] claramente externa que quer um outro tipo de posição que eu, baseado no que nós recebemos, baseado em ciência. Fora desse caminho, tem que achar alternativas. E tem muitas alternativas, gente muito boa, gente muito experiente”, disse, ponderando, no entanto, que se pauta “pela ciência”. 

    Casos

    Pouco antes da entrevista coletiva, o Ministério da Saúde informou nesta quarta que, nas últimas 24 horas, foram registrados 204 mortes (alta de 13%) por COVID-19 e 3.058 casos (alta de 12%) do novo coronavírus. Com isso, o número total chega a 28.320 casos confirmados e 1.736 mortes.

    Ao argumentar por que prevê que o Brasil enfrente tempos mais difíceis entre os meses de maio e junho, o ministro Luiz Henrique Mandetta afirmou que o hemisfério sul tem uma dificuldade adicional por estar migrando para as estações mais frias do ano, provocando a ocorrência simultânea da COVID-19 e de outros vírus respiratórios.

    “Nós estamos no outono, entrando no inverno e estamos entrando na nossa sazonalidade de influenza e vamos ter ela sobreposta com a de coronavírus” 

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