Lula evita criticar juros e diz que “sem crédito, país não vai a lugar nenhum”
Presidente disse que espera que o país tenha 30% do PIB investidos na construção civil
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta segunda-feira (22) que, sem crédito, o país não vai a lugar nenhum.
A declaração de Lula foi feita durante o lançamento do “Programa Acredita”, que possibilita a renegociação de dívidas de pequenos empresários, além de um crédito imobiliário voltado para a classe média.
Durante sua fala, o presidente evitou criticar a taxa de juros. Atualmente, a taxa Selic está em 10,75% ao ano, conforme decisão mais recente do Comitê de Política Monetária do Banco Central.
“Sem crédito, esse país não vai a lugar nenhum. Eu não quero nem falar mal de juros, porque se não as manchetes dos jornais vão ser essa e não o [programa] Acredita”, afirmou Lula.
O presidente também destacou o programa habitacional Minha Casa Minha Vida e a importância do crédito imobiliário. Lula disse que tem esperança de que o Brasil possa ter o equivalente a 30 por cento do PIB investidos na construção civil.
No mesmo evento, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que ampliar o acesso de crédito é uma “alavanca imprescindível” para o desenvolvimento de qualquer país.
“Nenhum país se desenvolveu sem essa alavanca e não olhando para um segmento do setor produtivo, mas olhando para aqueles segmentos todos que podem fazer diferença em conjunto”, declarou o ministro.
Bolsa Família
O presidente Lula também fez referência aos programas sociais e afirmou que o governo não quer que brasileiros dependam “eternamente” do Bolsa Família, mas que o país evolua para ter uma “classe média sustentável”.
“O que está acontecendo hoje não é apenas novo anúncio de política, é demonstração de que nós voltamos para governar este país, para ver se a gente transforma em um país definitivamente desenvolvido. Queremos uma classe média sustentável, com padrão de vida em que as pessoas possam fazer uma viagem. Não queremos um país que eternamente dependa de um Bolsa Família, um vale-gás. Esse programa dá um pontapé extraordinário”, disse.
Crítica a “pessimistas”
Durante o evento desta segunda, o presidente Lula ainda criticou as previsões de “pessimistas” para a economia brasileira.
“Eu quero alertar aos pessimistas: esse país vai crescer neste ano mais do que vocês falaram até agora; os empregos vão ser gerados mais do que vocês imaginaram até agora; a massa salarial vai crescer mais do que vocês falaram até agora”, afirmou.
Relação com o Congresso
Na mesma fala, o petista ainda cobrou os ministros de seu governo o empenho para conseguir aprovar medidas de interesse do Palácio do Planalto no Congresso Nacional.
A fala ocorre em um momento de atrito entre o Executivo e o Legislativo.
“O [Geraldo] Alckmin tem que ser mais ágil, tem que conversar mais. O Fernando Haddad tem que, ao invés de ler um livro, perder algumas horas conversando no Senado e na Câmara. O Wellington [Dias], o Rui Costa, passarem maior parte do tempo conversando com bancada A, com bancada B”, disse Lula.
“É difícil, mas a gente não pode reclamar, a política é exatamente assim. Ou você faz assim ou não entra na política”, completou.
Durante sua fala, Lula não citou o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, responsável pela articulação política com o Congresso.
Nas últimas semanas, Padilha foi criticado pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), que chamou o ministro de “incompetente” e de seu “desafeto pessoal”.
O ministro de Lula, por sua vez, respondeu dizendo não ter “qualquer tipo de rancor” contra Lira.
Após a troca de farpas, Lula chegou a defender Padilha, dizendo que o ministro seria mantido no cargo de interlocutor com o Parlamento.
Diante do embate com o Palácio do Planalto, o presidente da Câmara tem prometido dar espaço à oposição nas próximas semanas, como a abertura de até cinco Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs), por exemplo.
Na última sexta-feira (19), Lula se reuniu, emergencialmente, com líderes do governo no Congresso para alinhar a relação com os parlamentares.