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    Lula escolhe deputado petista para presidir Itaipu e alija controle militar

    Lula decidiu acelerar a nomeação após reportagens da CNN mostrarem que militares alinhados a Jair Bolsonaro (PL) mantinham controle sobre a companhia

    Deputado federal Enio Verri (PT-PR)
    Deputado federal Enio Verri (PT-PR) Pablo Valadares/Câmara dos Deputados

    Caio Junqueira

    O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decidiu nomear o deputado federal Enio Verri, do Paraná, para a diretoria-geral de Itaipu. O favoritismo de Enio Verri foi antecipado ontem pela CNN.

    Ele disputava a posição com o ex-diretor geral da empresa Jorge Samek, também do PT.

    Lula decidiu acelerar a nomeação após reportagens da CNN mostrarem que militares alinhados a Jair Bolsonaro (PL) mantinham controle sobre a companhia, acelerando contatos, fazendo nomeações e alterando regras internas.

    Lula e Verri se reuniram na tarde desta quinta-feira (26) no Palácio do Planalto, junto com a presidente do PT, Gleisi Hoffmann.

    Reeleito em outubro para o seu terceiro mandato de deputado, com mais de 95 mil votos, ele terá que renunciar à cadeira na Câmara dos Deputados para poder assumir o cargo de dirigente da Itaipu. Ele é economista.

    A disputa se afunilou entre Samek e Enio após uma intensa disputa nos bastidores que envolveu ainda outros cotados como o também deputado federal Zeca Dirceu e e o ex-governador do Paraná Roberto Requião, ambos do PT.

    Requião, segundo petistas ouvidos pela CNN, defendia assumir a companhia no modelo “porteira fechada”, quando todos os cargos abaixo deveriam passar por ele.

    Zeca acabou indo para a liderança do PT na Câmara e se aliou a Gleisi Hoffmann na defesa do nome de Enio, que tem feito campanha aberta pelo nome dele.

    O entorno da petista afirma que Enio tem boa formação –ele é economista pela USP–, mas não tem intimidade com a área.

    A revisão do Tratado de Itaipu neste ano é o principal desafio da nova gestão, além de um processo de desmilitarização da companhia. Agora, deve ser debatidos os postos das cinco diretorias de Itaipu.

    O PSD, partido do ministro Alexandre Silveira, deverá ser contemplado com uma ou duas das cinco diretorias de Itaipu, segundo fontes a par das negociações.

    O PT deve ficar com outra. O MDB tem interesse em ter outra, mas petistas dizem que o partido só tem um deputado no Paraná e é ligado ao bolsonarismo. Além disso, a bancada do PSD é maior do que a do MDB na Câmara.

    Nomes para postos da empresa já circulam em listas de apostas. Silvana Vitorassi é próxima à primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja. Carlos Carboni também é citado e é o preferido de Gleisi. David Krug é o nome de Samek. Luiz Fernando Delazari é o nome de Requião, ainda segundo fontes ouvidas pela CNN.

    Maior hidrelétrica do Brasil

    Itaipu é a maior hidrelétrica do país e segunda maior do mundo. Na prática, foi remilitarizada na era Bolsonaro. Até então, a empresa era comandada pelo almirante Anatalicio Risden Junior.

    Desde que assumiu o cargo, há um ano, a Marinha – da qual é egresso – é a Força que passou a dominar os postos estratégicos da binacional. A Força também tradicionalmente tem postos-chave na área de energia no Brasil.

    Itaipu se situa no rio Paraná, entre o Brasil e o Paraguai. A usina binacional foi projetada e construída entre 1970 e 1982, durante os governos militares dos generais Emílio Garrastazu Médici (1905-1985), Ernesto Geisel (1907-1996) e João Figueiredo (1918-1999). Em 2023, a empresa celebra 50 anos da assinatura do tratado que deu origem à construção da hidrelétrica.