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    Lula decidirá se mantém GSI e se ministro será militar após viagem à Europa, afirma Dino

    Ministro da Justiça também disse que Gonçalves Dias não pode ser considerado culpado por ter pedido demissão

    Rudá Moreirada CNN

    em Brasília

    O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decidirá se o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) será ou não mantido no organograma do governo. Também será deliberado se pasta deve ser comandada por militar ou civil com base na análise que está sendo feita pelo ministro interino, Ricardo Cappelli.

    Secretário-executivo do Ministério da Justiça, Cappelli assumiu interinamente a pasta após a queda do ex-ministro-chefe Gonçalves Dias, que pediu demissão após a divulgação de imagens com exclusividade pela CNN que o mostram no Palácio do Planalto durante os ataques criminosos contra os Três Poderes em 8 de janeiro.

    Questionado sobre uma possível permanência de Ricardo Cappelli à frente do GSI, Dino elogiou a capacidade dele para o cargo, mas ressaltou que há uma premissa mais importante a ser debatida em primeiro lugar: “Se haverá ou não GSI, e, havendo GSI, se ele será comandado por civil ou militar”.

    As falas de Flávio Dino foram durante entrevista coletiva à imprensa, nesta quinta-feira (20), na sede do Ministério da Justiça, em Brasília.

    “O secretário-executivo Ricardo Cappelli está lá transitoriamente, por determinação do presidente Lula, entre outros motivos, para fazer essa análise. E o presidente da República, quando retornar da viagem internacional que está fazendo, vai tomar a decisão final sobre a natureza do GSI, se ele continua, em que termos, e como será essa eventual nova estruturação.”

    Flávio Dino disse ter tratado sobre as atribuições do GSI em uma reunião ocorrida também nesta quinta-feira com Cappelli e junto do ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, e com o comandante do Exército, general Tomás Paiva.

    “Conversamos um pouco sobre a história do GSI, sobre o seu funcionamento, e o secretário-executivo Ricardo Cappelli vai continuar essa trajetória de escuta, de oitivas, de colheita de informações técnicas para que o presidente da República possa decidir, quando do seu retorno”, relatou Dino.

    O ministro também lembrou que, no Brasil, a pasta é comandada tradicionalmente por militares. “Temos no mundo vários modelos. Realmente há modelos que são mais sob comando dos militares, outros são mais sob comando de civis. A tradição brasileira é, de fato, comando dos militares — há algumas décadas —, e o presidente da República vai decidir a estrutura que melhor lhe convém. É uma decisão exclusiva do presidente.”

    Dino: “Tentativa de absolver terroristas”

    O ministro da Justiça considerou os ataques ao governo e ao ex-ministro do GSI como “tentativa criminosa de absolver os terroristas e de condenar as vítimas” e defendeu que Gonçalves Dias não pode ser considerado culpado por ter pedido demissão.

    “Há, na verdade, uma tentativa vil, uma tentativa criminosa de absolver os terroristas e de condenar as vítimas. E isto que está em curso no Brasil. Os alvos do crime, aqueles que são vítima do crime, de repente, são enredados em narrativas no sentido de que eles, na verdade, foram os responsáveis. Quando os responsáveis foram aqueles desvairados que resolveram quebrar a sede dos Três Poderes.”

    “Há uma tentativa política de amigo de terrorista, de protetor de terrorista, de aliado de terrorista, de financiador de terrorista, de criar elementos que embaracem o principal”, continuou Dino. “O principal que está ocorrendo, desde o dia 8, é a aplicação da lei pelo Poder Judiciário”, completou.

    Flávio Dino afirmou não ter tido acesso prévio às imagens reveladas com exclusividade pela CNN que mostraram Gonçalves Dias no Planalto no momento dos ataques criminosos em 8 de janeiro.

    “Nem aquelas, nem quaisquer outras imagens de qualquer outra câmera de qualquer outro lugar foram exibidas para mim. (…) Vi as imagens no mesmo momento que milhões e milhões de brasileiros.”

    Dino declarou que não caberia a ele comentar a demissão do ex-ministro do GSI, mas disse não ser possível afirmar que ele seja culpado pelo fato de ter saído e defendeu Dias.

    “Se alguém detentor de cargo de comissão sai, não significa que ele é culpado de qualquer coisa. Às vezes, são outras circunstâncias”, explicou. “De tudo que eu vi, de tudo que eu ouvi, não consigo crer e não acredito — e afirmo com muita tranquilidade —, de que o general Gonçalves Dias tenha agido mancomunado ou de conluio com criminosos”, completou.