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    Luis Miranda diz à PF que Pazuello relatou pressão de Lira para tirá-lo do cargo

    Pazuello teria dito a deputado que o presidente da Câmata teria dito: 'Eu vou te tirar dessa cadeira'

    Caio Junqueirada CNN

    Em depoimento à Polícia Federal dentro do inquérito que investiga se presidente Jair Bolsonaro prevaricou ao saber das denúncias de irregularidades na negociação das vacinas Covaxin, o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) disse que o ex-ministro Eduardo Pazuello relatou uma ameaça do presidente da Câmara para tirá-lo do cargo. O relato, segundo ele, ocorreu na conversa que tiveram em uma viagem dentro de um avião.

    “Eu disse: ‘Pazuello, tá tendo sacanagem no teu ministério. Tem que agir, mermão’. Aí ele falou: ‘Sacanagem tem desde que eu entrei’. Com aquele jeitão carioca dele. ‘Inclusive, ontem, eu (Miranda) fui no presidente e entreguei um negócio pra ele. É um absurdo. Se estiver acontecendo de verdade, é um absurdo você (Pazuello) precisa cuidar disso”, disse Luís Miranda à PF.

    Ele continua, no depoimento: “O Pazuello olha pra mim e diz assim: ‘Deputado, posso falar a verdade? Eu passei seis horas andando de helicóptero com ele (Bolsonaro) e consegui dez minutos de atenção dele. Eu não consigo. Eu tenho coisas pra resolver com ele e, p****, no final do ano eu levei uma pressão tão grande que eu não sei exatamente como resolver. Uma pressão… um cara”.

    Foto de Pazuello em voo com Luis Miranda
    Foto de Miranda em voo com Pazuello no dia em que teria ocorrido a conversa; a imagem foi obtida pelo repórter da CNN José Brito
    Foto: Arquivo Pessoal

     

    O deputado, então, diz que Pazuello estava se referindo ao presidente da Câmara, Arhur Lira. “(E eu perguntei) ‘Que cara? “O Arthur Lira, p***. O Arthur Lira colocou o dedo na minha cara e disse: ‘Eu vou te tirar dessa cadeira’, porque eu não quis liberar a grana pra listinha que ele me deu dos municípios que ele queria que recebesse. Ele bota o dedo na minha cara”, relata ele a PF.

    Miranda então diz: “O presidente sabe disso?”. Pazuello então, segundo o deputado, respondeu: “Lógico que o presidente sabe. Eu falei para o presidente”. Miranda segue: “Eu olhei para o Pazuello: ‘Você não tem noção do que tá falando, cara”. Ele falou: “Luis, Eu não duro. Nessa semana eu tô fora. Eles vão me tirar, cara. O cara falou que ia me tirar”.

    Centrão

    Mais adiante no depoimento à PF, Miranda diz que, no encontro com Bolsonaro, o presidente lhe disse o centrão queria f…. com ele. Foi nessa reunião, em março. em que o irmão de Miranda, o servidor do ministério Luis Ricardo Miranda, também estava presente.

     

    “O presidente pergunta quem ele (Luis Ricardo Miranda) suspeita que poderia estar envolvido, e quem estava pressionando. Ele (Luis Ricardo Miranda) disse que o coronel Pires, o Roberto Dias, e fala o nome de mais duas pessoas. O presidente anotou isso e diz que os caras do centrão querem ‘f***’ ele. Fala que é igual a história dos combustíveis, que ele não pode fazer nada e que encaminhou para o Congresso um projeto para que ele pudesse ter controle do combustível”, disse Miranda à PF.

    Depois, a PF lhe questiona se ele gravou o presidente. Ele nega. “Eu jamais gravaria o presidente, eu estava lá com uma pessoa que eu confio. O que eu sei desse áudio é que pessoas próximas ao presidente disseram ter ouvido esse áudio, a imprensa veio atrás de mim porque alguém ouviu um áudio.  Ou alguém narrou como se fosse um áudio, ou existe um áudio. Eu não falei na CPI sobre o Centrão, e o presidente falou que querem ´f***´ ele.”

     

    Em publicação nas redes sociais, Miranda confirmou o depoimento, mas evitou entrar em confronto com o presidente da Câmara: “Tenho imenso respeito pelo presidente da Câmara, deputado Arthur Lira. O vídeo recentemente divulgado não traz declarações ou opiniões minhas. É um depoimento prestado à Polícia Federal, onde narro o que ouvi de um ministro de Estado. Todas as informações foram pautadas na verdade e é por isso que não temo o conselho de ética e não serei intimidado por qualquer ação”, afirma. 

    Já Arthur Lira se pronunciou em nota. “A despeito das declarações dadas pelo deputado Luís Miranda , as mesmas devem ser respondidas pelo ex-ministro Eduardo Pazuello. Sobre as demais informações propagadas, o deputado deverá responder no foro adequado, que é o Conselho de Ética da Câmara dos Deputados”, disse Lira. 

    Pazuello também negou, em nota, ter sofrido pressão de Lira. “O Secretário de Estudos Estratégicos da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, Eduardo Pazuello, esclarece que não sofreu qualquer pressão do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, durante sua gestão no ministério da Saúde, para disponibilizar recursos da pasta em atendimento a demandas do parlamentar.”