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    Lobista diz que Braga Netto “prometeu interferir a nosso favor” para compra de coletes balísticos

    Encontro em Brasília foi enquanto o general era chefe do Estado-Maior do Exército, ex-interventor federal no Rio

    Elijonas Maiada CNN

    Brasília

    A Polícia Federal (PF) encontrou conversas e e-mail do general Paulo Assis, representante das empresas Glágio Brasil e SSA Administração, afirmando que teve almoço com o então chefe do Estado-Maior general Walter Braga Netto para tratar da compra de coletes balísticos para a Polícia Civil do Rio de Janeiro.

    As mensagens — obtidas pela CNN — são de 14 de dezembro de 2019, dois meses antes de Braga Netto ter assumido como ministro-chefe da Casa Civil do governo Jair Bolsonaro (PL).

    Paulo Assis disse “almocei com gen Braga Netto, que me prometeu interferir a nosso favor”. E completa com: “está tudo bem encaminhado. Alertei sobre o empenho ser realizado ainda este ano para não cair no exercício findo”.

    No dia seguinte ao almoço mencionado, em 15 de dezembro, a PF aponta um e-mail enviado pelo general Paulo Assis para o e-mail da Presidência, com cópia a outros militares, no qual informa ao parecerista que almoçou com o general Braga Netto e que “ele iria dar uma ‘força’ para atender o pleito”.

     

    Após o encaminhamento da mensagem, Glauco Octaviano Guerra envia um áudio dizendo que “agora ou vai ou não sai”, já que o chefe do Estado Maior, general Braga Netto, ‘entrou no circuito’. A mensagem foi enviada para Glaucio Guerra, irmão dele.

    “Agora o zero dois do Exército Brasileiro, que foi o interventor federal está do nosso lado, que assinou o contrato”, disse na mensagem interceptada.

    A PF aponta, no inquérito, Glauco Octaviano Guerra como o principal articulador no Brasil para concretizar a venda dos coletes ao Gabinete de Intervenção Federal do RJ e diz que ele tem grande influência nos órgãos públicos envolvidos. “É responsável por toda articulação com militares da reserva em troca de influência no GIFRJ e interferência no processo licitatório de compra de coletes”, detalham os investigadores.

    Jantar com Braga Netto

    Quatro meses depois, com Braga Netto já na Casa Civil, em 6 de março durante a pandemia da Covid-19, áudios em posse da PF mostram que Gláucio disse que haveria um jantar na casa de Braga Netto. Não se sabe o que foi tratado.

    A partir desta data, segundo a PF, tendo em vista a pandemia do coronavírus não foram encontrados mais áudios ou mensagens sobre a venda dos coletes, e que quase todas as mensagens trocadas entre os envolvidos passaram a ser sobre a venda de material para o combate à Covid-19.

    “Até que, em maio de 2020, Glauco foi preso na operação Mercadores do Caos, acusado de envolvimento em esquema de desvio de verba pública na aquisição de ventiladores para atender pacientes com Covid-19”, finaliza a PF no relatório.

    Glaucio Octaviano Guerra é apontado como o responsável por todo estudo financeiro, confecção dos contratos, documentos e na prospecção de empresas estrangeiras para fornecimento de materiais diversos, além de captar investidores para financiar os custos de produção.

    A PF investiga todos por fraude ao caráter competitivo, advocacia administrativa, corrupção passiva e ativa, organização criminosa e evasão de divisa.

    Outro lado

    A CNN tentou contato com o general Paulo Assis pelos contatos disponíveis no inquérito, mas não obteve retorno. A mesma tentativa foi feita com Glauco Guerra e com o Exército Brasileiro.

    A assessoria do ex-ministro Braga Netto foi procurada e não respondeu até o fechamento desta reportagem. Ontem, o general declarou que todo o trâmite do contrato teve respaldo do TCU, mas partiu do próprio gabinete a suspensão com a empresa CTU.

    Veja também: Ex-ministro de Bolsonaro, Braga Netto tem sigilo telefônico quebrado pela PF