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    Lira e Padilha: entenda o histórico de desentendimentos

    Conflito voltou à tona após a Câmara analisar a prisão do deputado federal Chiquinho Brazão

    Da CNN , São Paulo

    A troca de farpas entre o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e o ministro-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, foi retomada nesta quinta-feira (11) após a decisão dos parlamentares de manter a prisão do deputado federal Chiquinho Brazão (sem partido-RJ).

    Lira chamou Padilha de “incompetente” e se referiu ao petista como um “desafeto”. Isso aconteceu após o ministro ter se articulado para Brazão permanecer preso.

    O ministro, por sua vez, publicou em suas contas em redes sociais um vídeo no qual é elogiado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

    Sem troca sinalizada

    Lula sinalizou a aliados que não pretende trocar Padilha.

    No Palácio do Planalto, a avaliação é de que Lira decidiu elevar o tom diante do desgaste sofrido pelo líder do União Brasil, Elmar Nascimento (BA), ao ter votado pela revogação da prisão do acusado de ser mandante do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL).

    Nos bastidores, Lira acusa o Palácio do Planalto de ter ventilado a informação de que ele teria articulado movimento para revogar a prisão de Chiquinho Brazão.

    Disputa não vem de agora

    Na quarta-feira (10), Lira avisou a deputados petistas que “romperia” com o governo e avisou não havia mais condições de Padilha continuar no governo. Entretanto, o conflito entre os dois não vem de agora.

    Padilha e Lira já não dialogam mais desde o segundo semestre de 2023. A tarefa de conversar com o presidente da Câmara está com Rui Costa, ministro da Casa Civil.

    O presidente da Câmara fez chegar críticas a Lula sobre o trabalho do ministro, como promessas não cumpridas de nomeações em estatais e liberações de emendas.

    Na ocasião, Lira levou sua insatisfação sobre a articulação política do governo a Costa.

    Em fevereiro, Padilha negou que exista qualquer clima que “gere tensão” entre o Palácio do Planalto e o Congresso Nacional.

    Segundo Padilha, Lula tem “muita certeza” de que o governo terá um “ambiente positivo tanto com o Senado quanto com a Câmara”. “Essa dupla [Congresso e governo] vai continuar marcando muitos gols em 2024”, afirmou na ocasião.

    Dias antes, durante a abertura do ano Legislativo, o presidente da Câmara subiu o tom e, em recado ao Planalto, disse que o Orçamento é de todos os brasileiros, não só do Executivo, e não pode ficar engessado por “burocracia técnica” e por quem não foi eleito.

    Lira também declarou que os parlamentares “não foram eleitos para serem carimbadores” das propostas do Executivo e que o Orçamento da União deve ser construído em contribuição com o Legislativo.

    Conflito mais por recursos do que por votos

    O embate entre Padilha e Lira tem mais a ver com uma disputa pelo controle de recursos federais do que por votações no Congresso, avaliaram à CNN duas fontes do Palácio do Planalto.

    Isso aconteceria, mais especificamente, sobre duas operações políticas lideradas por Padilha: o veto à liberação de R$ 5,6 bilhões em emendas parlamentares e a blindagem que Padilha faz à ministra da Saúde, Nísia Trindade.

    Em janeiro, Lula vetou um dispositivo do orçamento que previa o repasse em emendas de comissão, que são direcionadas à Câmara e ao Senado.

    Nos bastidores, Lira se incomodou e ali ficou interrompida a relação entre ambos. Dentro do Planalto, foi Padilha quem bancou o veto a Lula e o transmitiu a lideranças do Congresso.

    Na época, ele disse que o veto ocorreu por conta da inflação que, segundo ele, “autoriza menos recursos para o governo”. Em outra frente, Padilha também lidera a manutenção de Nísia Trindade na Saúde ante os ataques especulativos que ela sofre, em especial do Centrão.

    Ninguém é perfeito ou tão mau

    “Ninguém é perfeito, mas ninguém também é tão mau assim”, foi a avaliação feita pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), sobre o conflito entre Padilha e Lira.

    “Temos que evitar esses problemas, né? O Brasil já tem muitos problemas. Precisamos buscar sempre as convergências. Ninguém é perfeito, mas ninguém também é tão mau assim”, expressou Pacheco.

    “A gente tem que conviver com as divergências”, prosseguiu.

    Espero que a relação do Parlamento com o Executivo, especialmente com essa peça-chave, que é o ministro da Secretaria de Relações Institucionais, ministro Alexandre Padilha, possa ser a melhor possível

    Rodrigo Pacheco

    O chefe do Legislativo disse que “se esforça muito” para manter uma boa relação com o governo e com Padilha e saiu em defesa do ministro.

    Pacheco disse que considera “competente”. Acrescentou também ter “afeição e simpatia por ele”.

    “Da parte do Senado Federal, vamos buscar ter o melhor relacionamento possível com o governo e com o próprio ministro Padilha”, finalizou Pacheco.

    *Publicado por Douglas Porto

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