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    Líderes do Centrão rechaçam apoiar Bolsonaro caso ele questione resultado eleitoral

    Presidentes dos principais partidos que apoiam Bolsonaro chegaram a debater o que fariam caso o chefe do Executivo perca eleição e leve adiante o questionamento ao resultado

    Renata Agostini

    Líderes do Centrão têm dito, em conversas reservadas, que não seguirão ao lado de Jair Bolsonaro (PL) caso ele decida questionar o resultado eleitoral, tampouco apoiarão uma tentativa de golpe. Mas nenhum deles pretende questionar publicamente as declarações de Bolsonaro que colocam em xeque o sistema eleitoral, como as que foram feitas ontem à comunidade internacional, segundo apurou a CNN.

    Na visão dessas lideranças, se nem Arthur Lira (PP-AL), que é presidente da Câmara, fez tal movimento, não caberá a eles fazê-lo.

    Cada um expõe motivos para sustentar a inação: Ciro Nogueira (PP) é ministro da Casa Civil, Valdemar da Costa Neto (PL) é comandante do partido do presidente, e Marcos Pereira (Republicanos) está tocando sua própria campanha à Câmara e tem metas ambiciosas para aumentar a bancada de deputados da sua legenda.

    Criticar Bolsonaro seria arriscar causar uma fissura na relação com o principal cabo eleitoral destes partidos na eleição, arriscando um efeito rebote na adesão do eleitorado bolsonarista.

    Os presidentes dos principais partidos que dão apoio a Bolsonaro chegaram a debater o que fariam caso o presidente perca a eleição e leve adiante o questionamento ao resultado.

    O encontro se deu há pouco mais de um mês em São Paulo. Segundo o relato de um dos presentes, os caciques partidários descartaram apoiar Bolsonaro no que seria uma “aventura”.

    Na conversa, levantaram-se dúvidas sobre se Bolsonaro teria de fato o apoio das Forças Armadas para levar adiante um golpe, ainda de acordo com o relato de um presidente partidário que participou da conversa.

    Houve diagnóstico de um deles de que o movimento do presidente pode se revelar uma “bravata” e que ele não conseguiria sustentar o processo de ruptura, levando lideranças que o apoiaram à prisão.

    A existência do debate, contudo, mostra como a desconfiança sobre a intenção do presidente em cumprir a Constituição e preservar a democracia está presente na cúpula dos partidos que compõem sua base aliada.

    Nos bastidores, abundam críticas e sobra inércia. Uma dessas lideranças diz que a atitude de Bolsonaro com os embaixadores no evento desta segunda-feira (18) foi “horrível” e “péssimo” para a imagem do país.

    A cúpula dos partidos do Centrão entende que Bolsonaro ganharia mais explorando feitos do seu governo ou benesses dadas à população para turbinar sua campanha. Há desânimo, porém, no diagnóstico sobre os próximos passos presidenciais.

    A avaliação é que ele não se curvará aos apelos da ala política, já quem tem renovado a disposição para atacar o sistema eleitoral. “Não tem solução. Todo mundo já falou que ele deveria parar, mas ele não para. Não tem mais o que fazer”, diz o presidente de um importante partido do Centrão.