Líder do PP diz que aproximação do Centrão com Bolsonaro visa ‘estabilidade’
Deputado Arthur Lira afirma que partidos se comprometerão em construir texto de projeto para combater fake news, que vê como pano de fundo dos conflitos no país


Um dos parlamentares mais influentes do Congresso Nacional, o líder do Progressistas (PP), deputado Arthur Lira (AL), defendeu em entrevista exclusiva à CNN a aproximação dos partidos conhecidos como “Centrão” com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
“Em primeiro lugar, todo o esforço dos partidos de centro é para que a a gente consiga trazer para o Brasil, para Brasília principalmente, aqui para a Praça dos Três Poderes, tranquilidade, previsibilidade e potencialidade nos trabalhos”, afirmou o parlamentar. Reportagem da CNN apurou que, nos bastidores, o deputado está sendo conhecido como “04”, em referência à sequência numérica pela qual o presidente Bolsonaro enumera seus filhos.
O deputado Arhur Lira defendeu as indicações que estes partidos estão fazendo para cargos importantes no segundo escalão do governo Bolsonaro, como o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS), o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) e o Banco do Nordeste.
O parlamentar disse que os nomes indicados passam por crivos técnicos e refletem o modelo de governo de coalizão, em que o governo eleito divide a ocupação dos cargos disponíveis e, assim, obtém apoio parlamentar para governar.
Arthur Lira diz que esse modelo vigora desde o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), iniciado em 1995, e que esses partidos “sempre foram responsáveis pelo equilíbrio institucional, pelo respeito à Constituição, pela votação das matérias tanto econômicas quanto sociais de muita importância para o país”. “Essa imputação do toma lá, dá cá é muito injusta”, disse.
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“A indicação não é para fazer o malfeito, mas sim para fazer com que a máquina pública funcione com responsabilidade”, argumentou o parlamentar, que disse que, caso haja “problemas de competência, problemas de gestão”, os indicados podem ser demitidos e substituídos pelo governo.
Ele ainda disse considerar que há uma postura excessivamente crítica a partidos que estão tendo mais espaço no governo recentemente, como Progressistas, Republicanos e o PL. Ele argumentou que outras legendas, como DEM, MDB e PSDB, já ocupam cargos no governo há mais tempo.
Fake news
O deputado Arthur Lira afirmou que o Centrão buscará negociações para “elaborar o melhor texto possível” para projeto de lei de combate às fake news no Brasil. O líder do Progressistas afirmou que “esse assunto é o pano de fundo de todo problema que vem sendo tratado no Brasil institucionalmente”, mas que não se deve “apontar o erro de um lado, do outro lado ou de nós mesmos”.
“Se nós resolvermos esse assunto, que não é fácil e envolve muitas variáveis, nós conseguiremos chegar a um caminho de harmonia”, disse. Lira afirmou que as legendas têm compromisso com a democracia e defendem que os poderes “tenham limites” e convivam com harmonia.
Ele disse que há ativismo político da Câmara, excessos por parte do Executivo e que decisões do Judiciário devem ser cumpridas, mas é possível recorrer contra elas.