Prime Time

seg - sex

Apresentação

Ao vivo

A seguir

    Líder da bancada evangélica diz que assinaria pedido de CPI para investigar Ribeiro

    Em entrevista à CNN, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) defendeu que fatos sobre áudio vazado devem ser esclarecidos

    Elis FrancoVinícius Tadeuda CNN

    Diante da possibilidade de instauração de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara dos Deputados para investigar o ministro da Educação, Milton Ribeiro, o deputado federal e líder da Frente Parlamentar Evangélica, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), afirmou em entrevista à CNN nesta quarta-feira (23) que assinaria um possível pedido para a abertura da comissão.

    “Como deputado, tenho por princípio que em todo processo de investigação quem não deve, não deve temer investigação de ninguém nem de lugar nenhum. Assino todo e qualquer pedido de CPI, seja a favor ou contra o governo. Entendo que quem não não deve, não deve temer processo de investigação”, disse Cavalcante.

    O motivo da mobilização de alguns deputados para instaurar uma CPI contra Milton Ribeiro é o áudio revelado pelo jornal Folha de S. Paulo no qual o ministro diz privilegiar dois pastores evangélicos na distribuição de verbas do Ministério da Educação (MEC).

    Para o líder da bancada evangélica, quanto mais explicações o ministro der, melhor. “Quanto mais esclarecimentos e lucidez ele [Milton Ribeiro] der aos fatos e às acusações, melhor e mais confortável para ele enquanto ministro e para todo o segmento evangélico que acompanha o desdobramento desse assunto”, disse.

    O deputado, no entanto, fez críticas à atuação da oposição ao governo federal na CPI da Pandemia do Senado e considerou que há o risco de parlamentares fazerem “uso político” em uma investigação contra o ministro da Educação.

    “Eu não resisto jamais a assinar qualquer tipo de pedido de CPI, mesmo que façam uso político dela”, reforçou.

    Cavalcante evitou fazer juízo de valor sobre o áudio vazado, mas reforçou que “nós, evangélicos, tanto a Frente Parlamentar Evangélica quanto o comportamento do evangélico no Brasil jamais vai compactuar com alguma prática de ilícito de quem quer que seja”.

    Segundo o deputado, o possível erro de pastores não pode ser ampliado a centenas de milhares de pastores que “prestam serviços relevantes à sociedade”.

    “Queremos que tudo seja investigado e apurado, e que se houver culpados, que sejam punidos no rigor da Constituição brasileira”, disse o líder da bancada evangélica.

    Quando questionado sobre uma possível demissão de Milton Ribeiro, Cavalcante disse que essa é uma prerrogativa do Poder Executivo. O deputado ainda ressaltou que a Frente Parlamentar Evangélica não indicou Ribeiro para o cargo e que, portanto, trata-se de uma questão interna do Executivo.

    O líder da bancada evangélica na Câmara ainda defendeu que o presidente Jair Bolsonaro (PL) tem alta popularidade e ampla vantagem eleitoral entre os evangélicos. Questionando a “métrica dos instituto de pesquisa”, Cavalcante estimou, com base em conversas com religiosos, que Bolsonaro tem em torno de 70% de vantagem no segmento.

    Entenda o caso

    Em áudios obtidos pelo jornal “Folha de S.Paulo”, Ribeiro afirma que recebeu um pedido do presidente Jair Bolsonaro (PL) para que a liberação de verbas da pasta seja direcionada para prefeituras específicas a partir da negociação feita por dois pastores evangélicos que não possuem cargos no governo federal.

    Na gravação, Ribeiro diz que se trata de “um pedido especial do presidente da República”.

    “Foi um pedido especial que o presidente da República fez para mim sobre a questão do [pastor] Gilmar”, diz o ministro na conversa com prefeitos e outros dois pastores, segundo o jornal.

    Ribeiro continua: “Porque a minha prioridade é atender primeiro os municípios que mais precisam e, em segundo, atender a todos os que são amigos do pastor Gilmar.”

    Os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura são os citados nos áudios. Segundo o jornal, os dois religiosos têm negociado com prefeituras a liberação de recursos federais para obras em creches, escolas e compra de equipamentos de tecnologia.

    Na conversa vazada, o ministro de Bolsonaro indica que, com a liberação de recursos, pode haver uma contrapartida.

    “O apoio que a gente pede não é segredo, isso pode ser [inaudível] é apoio sobre construção de igrejas”. Nos áudios, não fica claro a forma como esse apoio se daria.

    No ano passado, para poupar as emendas parlamentares de um corte maior, o governo promoveu um bloqueio de R$ 9,2 bilhões de despesas de ministérios e estatais que atinge principalmente a Educação.

    pasta da Educação teve o congelamento de R$ 2,7 bilhões, segundo informações da analista de política da CNN Basília Rodrigues.