‘Lamentável o papel que desempenha o ministro da Defesa’, diz Rodrigo Maia
Ex-presidente da Câmara criticou a demissão de Fernando Azevedo e Silva e chamou Braga Netto de "subserviente" de Bolsonaro
O deputado federal e ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia (sem partido) avaliou em entrevista à CNN que o papel desempenhado por Walter Braga Netto à frente do Ministério da Defesa é “lamentável”.
Maia criticou a demissão do general Fernando Azevedo e Silva — a quem se referiu como um democrata — do comando da pasta e afirmou que o atual ministro é um “subserviente” do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Para o ex-presidente da Câmara, Braga Netto é um “político revestido de general” e “já deveria ter sido repreendido pelas Forças Armadas”.
“É lamentável o papel que tem desempenhado o ministro da Defesa. Desde a nota até o apoio à entrevista do comandante da Aeronáutica a um jornal carioca nas últimas semanas. E agora, claro, com essa matéria 100% verídica dessa pressão que ele certamente fez”, disse.
PEC do Voto Impresso
Rodrigo Maia considera ser importante que a Câmara dos Deputados derrube “logo em agosto” — na volta do recesso parlamentar — o texto que busca a volta do voto impresso.
O deputado, que defendeu em 2015 uma mini reforma eleitoral, acredita que o Brasil vive, atualmente, outro momento e ressaltou que país precisa se concentrar em problemas como a Covid-19, o desemprego e a inflação.
“O que tem me preocupado é que o governo ao invés de estar enfrentando os principais problemas do Brasil, nós estamos discutindo um tema completamente menor, já que temos um sistema que desde 96 não dá problema”, disse.
Sobre a recente declaração dada por Bolsonaro em relação a não disputar as eleições de 2022, Maia disse que a presença do atual presidente da República na corrida eleitoral “não fará falta”.
Ainda na avaliação do parlamentar, os “populistas” se aproveitam de falhas de comunicação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
“Existem muitos mecanismos de auditar o sistema e, infelizmente, o TSE peca nesse ponto [de comunicação com a população]. Por ele pecar nesse ponto, não podemos dar alimento aos populistas. O que o populista quer é exatamente contestar o modelo porque é nisso que se fortalece a política dele”, afirmou. “O populismo não é contra as eleições, é contra as instituições”.
Processo de impeachment contra Bolsonaro
O ex-presidente da Câmara confirmou que não se arrepende de não ter aberto um processo de impeachment contra o Bolsonaro. Para Maia, as circunstâncias da época levariam ao arquivamento da decisão.
“População precisa entender que não é uma decisão do presidente da Câmara. Ele defere o início do processo. É preciso 342 votos [para dar prosseguimento ao pedido] e nós nunca tivemos [esses votos].
Ainda segundo o parlamentar, as crises no presidencialismo — “onde é fácil eleger e difícil de tirar” — são sempre maiores do que no semipresidencialismo ou no parlamentarismo.
“Talvez a discussão não seja de mudar o sistema de governo, mas de aperfeiçoar o modelo que você defere ou não o processo de impeachment”, avaliou.
Futuro político
Questionado sobre seu futuro político, Maia afirmou — em tom de brincadeira — que aguarda os partidos saírem da base bolsonarista.
“As executivas dos partidos são contra o Bolsonaro, mas as bancadas continuam votando com o governo. Não as agendas econômicas, que eu tenho condições de votar também, Mas essas agendas de voto impresso, mineração em terras indígenas, destruição do meio ambiente, eu não tenho condição de ajudar. Aí você se filia a um partido agora e vai ser cobrado exatamente por aquilo que eu defendia à frente da presidência da Câmara”, disse.
O deputado, no entanto, confirmou que probabilidade maior é que ele se filie ao PSD, partido do seu maior aliado, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes.
