Prime Time

seg - sex

Apresentação

Ao vivo

A seguir

    Justiça Federal condena União a pagar indenização à viúva do ex-presidente João Goulart

    Dano moral causado pelo exílio envolve uma "injusta privação dos direitos da cidadania", segundo decisão

    João Goulart foi retirado da Presidência da República por um golpe em 1964
    João Goulart foi retirado da Presidência da República por um golpe em 1964 Arquivo Nacional

    Manoela Carluccida CNN*

    São Paulo

    A Justiça Federal condenou a União a pagar R$ 79,2 mil em indenização a Maria Thereza Goulart, viúva do ex-presidente João Goulart.

    A decisão é de 24 de dezembro e foi assinada pelo juiz Bruno Risch Fagundes de Oliveira, da 4ª Vara Federal de Porto Alegre.

    O que Maria Thereza pedia?

    A ex-primeira-dama alegava que, em 1964, João Goulart foi deposto na esteira do golpe militar. Na época, seus filhos tinham seis e oito anos e precisaram ser retirados às pressas de Brasília. A família buscou exílio no Uruguai e posteriormente Argentina.

    Qual foi a resposta do governo?

    A União, em sua defesa, justifica que a “autora nunca sofreu torturas ou agressões pelo Estado Brasileiro e que ela já afirmou, em outras ocasiões, que a vida no exterior era confortável até que se instalaram regimes ditatoriais naqueles países”

    Qual foi o argumento do juiz?

    Porém, para o juíz Bruno Risch, o dano moral causado pelo exílio envolve uma “injusta privação dos direitos da cidadania”. Também afirma que a suspensão dos direitos políticos de João Goulart, Jango, “transcendeu os limites de sua própria esfera de direitos, impactando diretamente sua esposa e mãe de seus filhos.”

    Segundo o magistrado, mesmo que a família estivesse fora do território nacional, “a documentação pública que integra o Arquivo Nacional demonstra que, mesmo fora dos limites do território nacional, o Estado brasileiro manteve, por meio de cooperação com outros países, controle e vigilância ostensiva sobre o ex-presidente João Goulart.”

    O que diz a defesa sobre a decisão?

    A defesa de Maria Thereza informou à CNN que essa indenização não tem relação com a anistia, mas sim com danos morais e que não pode comentar este caso, já que se encontra em segredo de justiça.

    A defesa ressalta que a ex-primeira-dama passou 12 anos exilada e sendo monitorada pelo regime enquanto esteve fora: “Os atos praticados com ela foram ilícitos, o Estado já reconheceu que foi irregular”.

    *Sob supervisão de Marcos Rosendo