Investigado pela PF, Braga Netto classifica operação como “pescaria de provas”, dizem fontes
Polícia Federal investiga possíveis irregularidades na compra de coletes na época em que o general era interventor no Rio de Janeiro
O general Walter Braga Netto, ex-ministro do governo Jair Bolsonaro (PL), classificou como “pescaria” a operação da Polícia Federal que investiga irregularidades na compra de coletes balísticos para a intervenção no Rio de Janeiro em 2018, segundo interlocutores do militar.
O general, que era o interventor à época, não é alvo de mandado de busca e apreensão, mas teve o sigilo telefônico quebrado.
Na manhã desta terça-feira (12), em conversas reservadas, Braga Netto avaliou que a ação da PF tem o objetivo de tentar encontrar motivos para incriminá-lo.
Um dos militares mais próximos de Bolsonaro, Braga Netto é pré-candidato à prefeitura do Rio nas eleições de 2024 pelo PL.
O general compôs a chapa de Bolsonaro na tentativa frustrada de reeleição ao Palácio do Planalto. No governo do ex-presidente, foi chefe da Casa Civil e ministro da Defesa.
Ele segue como homem de confiança de Bolsonaro e despacha, inclusive, na sede do PL, em Brasília.
Não é a primeira vez que pessoas próximas a Bolsonaro afirmam que a PF está promovendo uma fishing expedition, ou pescaria de provas, numa tradução livre para o português.
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) usou o mesmo argumento ao falar sobre a operação que apreendeu o celular do ex-ajudante de ordens de seu pai, o tenente-coronel Mauro Cid.
Ao obter acesso às comunicações do militar durante a apuração sobre registros fraudulentos de vacinação, os investigadores conseguiram avançar sobre uma série de outros pontos, como o escândalo das joias e conversas de cunho golpista.
O argumento de Braga Netto, nesse caso, é que a compra dos coletes sem licitação foi autorizada pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e o contrato chegou posteriormente a ser cancelado diante de problemas no fornecimento por parte do fabricante estrangeiro.
O general de fato encaminhou consulta ao TCU em 2018 para entender se poderia fazer a aquisição de forma direta, portanto sem licitação, diante da avaliação que os coletes perderiam a validade e o reforço era fundamental para a continuidade das tarefas da intervenção no Rio.
Na ocasião, a Advocacia-geral da União foi consultada. Tanto a AGU quanto a área técnica do TCU entenderam que a compra direta poderia ser feita desde que atendidos alguns requisitos.
Entre eles: o diagnóstico de que se tratava de uma aquisição de caráter emergencial e o os valores estarem em linha com preços vigentes no mercado.