Prime Time

seg - sex

Apresentação

Ao vivo

A seguir

    Investigação da PF mostra que conta de Bolsonaro no ConecteSUS foi acessada pelo celular de Mauro Cid

    Representação da Polícia Federal (PF) que detalha a investigação sobre possível fraude em dados de vacinação mostra que a conta de Bolsonaro para acessar o ConecteSUS foi criada inicialmente com o e-mail de Mauro Cid

    Da CNN

    A representação da Polícia Federal (PF) que detalha a investigação sobre a possível prática de crimes na inserção de dados falsos sobre vacinação contra Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde revela que a conta de Jair Bolsonaro (PL) utilizada para acessar o aplicativo ConecteSUS foi acessada em 30 de dezembro de 2022 pelo celular do ajudante do então presidente Mauro Cid.

    O tenente-coronel Mauro Cid foi preso pela PF na manhã desta quarta-feira (3), após decisão expedida pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, no âmbito do inquérito das milícias digitais.

    A Polícia Federal solicitou à Secretaria de Governo Digital os dados relacionados a acessos ao sistema ConecteSUS, no qual é possível gerar os certificados de vacinação, do usuário de Jair Bolsonaro. Foram verificados três acessos, nas datas de 22, 27 e 30 de dezembro de 2022, às vésperas de sua viagem para os Estados Unidos.

    Os dois primeiros foram feitos com o endereço de IP pertencente à Presidência da República, cadastrado no Palácio do Planalto. O terceiro, porém, foi feito pelo aparelho celular de Mauro Cesar Barbosa Cid.

    IPs referentes aos acessos à conta de Jair Bolsonaro na plataforma ConecteSUS. / Reprodução

    A conta de Bolsonaro foi inicialmente criada com um endereço de e-mail que contém o nome de Cid, e posteriormente alterada para o endereço de e-mail com o nome de outro assessor do então presidente, Marcelo Costa Camara.

    No entanto, a PF considerou normal que os assessores de Bolsonaro gerenciassem sua conta, e que a administração fosse mudada, já que Marcelo ficaria mais próximo de Bolsonaro após sua ida aos Estados Unidos, chegando a acompanhar o presidente algumas vezes.

    A representação da PF traz indícios de que dados de vacinação contra Covid-19 foram incluídos e, logo após a emissão do certificado, excluídos da conta de Jair Bolsonaro no sistema do Ministério da Saúde.

    O documento da Polícia Federal (PF) faz um breve resumo das provas coletadas pela investigação em relação ao ex-presidente:

    “Resumidamente, o Secretário Municipal de Governo de Duque de Caxias, JOÃO CARLOS DE SOUSA BRECHA, inseriu os dados falsos de vacinação contra a covid-19 em nome do ex-Presidente da República JAIR BOLSONARO na data de 21/12/2021 às 18h59min e às 19h00min. No dia seguinte, logo pela manhã, às 07h59min, o usuário associado ex-Presidente da República, utilizando o endereço de IP cadastrado no Palácio do Planalto, acessou o aplicativo ConecteSUS. Um minuto depois, às 08h00min, o referido usuário emitiu o certificado de vacinação contra a Covid-19 contendo o registro de três doses de vacina, sendo duas da fabricante PFIZER, que teriam sido tomadas no município de Duque de Caxias.

    Em seguida, às 08h20min, ocorre a alteração cadastral no “GOV.BR” do então Presidente da República, passando a ter o e-mail de MARCELO COSTA CAMARA, que seria nomeado Assessor para acompanhar JAIR BOLSONARO, na condição de ex-Presidente da República. No dia 27/12/2022, às 14h19min, o usuário do ex-Presidente da República, utilizando o endereço de IP cadastrado no Palácio do Planalto, acessou o aplicativo ConecteSUS e às 14h19min44seg, emitiu novamente o certificado de vacinação contra a Covid-19 contendo o registro das mesmas vacinas.

    Após a geração desse segundo certificado, os registros das vacinas da fabricante PFIZER em nome do ex-Presidente da República JAIR BOLSONARO foram excluídos do sistema do Ministério da Saúde, às 20h59min do dia 27/12/2022. A ação foi realizada pela operadora CLAUDIA HELENA ACOSTA RODRIGUES DA SILVA, sob a justificativa de “erro”, conduta praticada possivelmente para dificultar a identificação do proveito do crime de inserção dos dados falsos no sistemas SI-PNI e RNDS, qual seja, a emissão do certificado de vacinação contra a Covid19, contendo três doses, em nome de JAIR MESSIAS BOLSONARO, tornando consolidada a vantagem adquirida.

    No dia 30/12/2022 às 12h02min, o usuário associado exPresidente da República, utilizando o endereço de IP vinculado ao terminal telefônico cadastrado em nome de MAURO CESAR BARBOSA CID, acessou o aplicativo ConecteSUS e às 12h02min24seg emitiu um novo certificado de vacinação contra a Covid19, agora contendo apenas o registro da vacina da fabricante JANSSEN, pois as demais já haviam sido excluídas.

    Cerca de duas horas após a emissão do último certificado, MAURO CESAR CID e o ex-Presidente da República JAIR BOLSONARO viajaram de Brasília/DF para a cidade de Orlando, nos Estados Unidos da América. O voo da Força Aérea brasileira decolou por volta das 14hs do dia 30/12/2022.

    Portanto, os elementos informativos colhidos trazem indícios de que JOÃO CARLOS DE SOUSA BRECHA, CLAUDIA HELENA ACOSTA RODRIGUES DA SILVA, JAIR MESSIAS BOLSONARO, MAURO CESAR CID e MARCELO COSTA CAMARA se uniram, em unidade de desígnios, e, de forma exitosa, inseriram dados falsos de vacinação contra a Covid-19, em benefício de JAIR MESSIAS BOLSONARO, nos sistemas SI-PNI e RNDS do Ministério da Saúde, incidindo na conduta tipificada no art. 313-A do Código Penal.”

    Na manhã desta quarta-feira, após a operação da PF em sua casa, Bolsonaro afirmou à imprensa que não se vacinou contra a Covid-19 e que não houve adulteração em seu cartão de vacinação.

    A defesa de Mauro Cid se manifestou dizendo que não vai comentar sobre os R$ 16 mil e US$ 35 mil encontrados em sua casa pela PF, e que só pretende falar sobre a operação após ter acesso ao inquérito, que é físico e sigiloso. “Vamos declarar assim que obtivermos a cópia dos autos”, informaram.

    *Publicado por Fernanda Pinotti