Hugo Motta à CNN: É preciso ter mudança de rumo na economia
Presidente da Câmara dos Deputados afirmou que Lula não chegará "forte" para a eleição de 2026 se não tiver "estabilidade"
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou em entrevista exclusiva à CNN nesta terça-feira (4), que o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), não chegará “forte” em 2026, caso concorra à reeleição, se a economia “não tiver estabilidade”.
Ele defendeu a necessidade de uma “mudança no rumo das decisões” que pautam a economia no país.
“Presidente não chegará forte na campanha em 2026 se a economia não tiver estabilidade, e para ter essa estabilidade, é preciso ter uma mudança no rumo das decisões”, disse.
Segundo o presidente da Casa legislativa, é “obrigação” que o governo seja “eficiente” com o cenário internacional mais difícil na economia.
“O governo erra quando se distancia dessa agenda, o governo precisa ter isso como pilar, porque não há crescimento do país com caos econômico”, afirmou.
Sobre a reforma da renda, Motta destacou que vê com “muita preocupação” o assunto, sem que antes se saiba sobre a “compensação”.
“Nós temos que ter a responsabilidade fiscal e essa é uma prioridade que nós não abriremos mão”, completou.
Ele afirmou ainda que enxerga, hoje, um “Congresso preocupado com a economia”.
“Eu vejo um Congresso muito mais conservador e preocupado com a economia do que um Congresso que não se preocuparia com a responsabilidade fiscal”, concluiu.
Emendas
Sobre as emendas, Hugo disse que o diálogo é o melhor caminho para solucionar o impasse.
“Defendemos que uma mediação seria necessária, porque algumas mudanças precisam ser feitas no âmbito da transparência. Tenho muita confiança de que essa mediação, esse diálogo vai encontrar um modelo que resolva esse imbróglio”, afirmou.
Anistia
Ainda não há uma decisão tomada sobre pautar o projeto de lei (PL) da Anistia, segundo Hugo.
“Nós vamos procurar tratar esse assunto com muito cuidado, não há uma decisão tomada sobre pautar ou não pautar, nós vamos ouvir esses partidos”, afirmou.
O projeto tem como objetivo, conceder perdão às pessoas investigadas por participarem dos atos de 8 de janeiro de 2023.
Crescimento econômico
Hugo disse que tem “muita preocupação” em embarcar no assunto da reforma de renda, proposta pelo governo Lula.
“Vejo com muita preocupação entrarmos no assunto como esse sem antes saber a compensação. Nós temos que ter a responsabilidade fiscal e essa é uma prioridade que nós não abriremos mão”, afirmou.
“É preciso que o governo seja muito específico sobre onde estará essa compensação, para que o efeito que nós tivemos no final do ano, quando o pacote de corte de gastos foi anunciado, junto com essa medida, e o pacote acabou sendo aprovado e não trouxe efeito positivo algum”, seguiu.
Segundo o novo presidente da Câmara, é “obrigação” serem mais “eficientes” com o cenário internacional mais difícil no âmbito da economia.
Regulamentação das redes
Para Hugo, é errado o Supremo Tribunal Federal (STF) discutir a regulamentação das redes sociais.
“Acho um erro o Supremo Tribunal Federal entrar nesse tema. Deveria ser discutido na Câmara e no Senado Federal”, afirmou.
A regulamentação pode ser analisada pelo STF neste ano. Em dezembro de 2024, os magistrados iniciaram o julgamento do tema, mas paralisaram o trabalho por conta de um pedido de vista (mais tempo para análise) do ministro André Mendonça.
O assunto divide os parlamentares. Enquanto parte deles defende que haja a regulamentação para evitar a disseminação de fake news, a oposição cita uma “censura”” caso isso venha a ocorrer.
A expectativa é que haja a retomada do julgamento no STF em maio.
Projetos do governo
O presidente da Câmara afirmou que nem tudo o que o governo enviar ao Congresso será aprovado. Segundo ele, as propostas serão pautadas e discutidas.
“Não estamos garantindo, até porque eu não posso garantir isso, e sei que falo por uma parcela importante da Casa, que tudo que o governo mandar vai ser aprovado. Temos o interesse em colaborar com o país e a agenda que for enviada à Câmara, que seja positiva para o Brasil, nós estaremos lá para agilizar, aprovar e fazer as mudanças necessárias”, disse à CNN.
Lula em 2026
Hugo ressaltou a preocupação com a economia em entrevista à CNN e citou a importância do tema para uma possível reeleição de Lula.
Para ele, essa questão “é fundamental para todo e qualquer projeto político para 2026, o presidente [Lula] não chegará forte para disputar a reeleição em 2026 se a economia não tiver estabilidade”.
“É preciso ter mudança no rumo das decisões. Acho, minha opinião pessoal, e entendo que o partido, principalmente os de centro, estão olhando esse cenário”, apontou.
Hugo ainda ressaltou não ser possível “separar a questão da economia da eleição”.
“Sendo bom para o país, ele colhe o fruto positivo nas eleições. Se a economia continuar não caminhando bem, colherá a reação da população”, completou.
Tributação
Há uma resistência do Congresso Nacional em pautas de carga tributária, segundo Hugo. Para o novo presidente da Casa, aumentar o encargo “não vai resolver o problema”.
Questionado sobre se há clima para tratar novos projetos que encabeçariam mudanças na tributação, Hugo foi claro:
“Há, no Congresso, uma certa resistência com quem nós conversamos, líderes e deputados, que matéria que venha a representar aumento de carga tributária, o Congresso acredita que já deu a sua cota. O Congresso acredita que já colaborou muito com essa agenda. Seguir aumentando encargo não vai resolver o problema econômico do país”, destacou o novo presidente da Câmara.
Inelegibilidade
Oito anos de inelegibilidade “é um tempo extenso” para Hugo. Ele foi questionado sobre a Lei da Ficha Limpa, que pode ser a nova aposta da oposição para fazer com que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) dispute a eleição presidencial de 2026.
“Oito anos são quatro eleições, é um tempo extenso na minha avaliação”, disse Hugo Motta sobre a Lei da Ficha Limpa, que deixa o político inelegível, ou seja, impedido de concorrer nas eleições, durante oito anos. O prazo, no entanto, é contado de diferentes formas, a depender das razões que motivaram a inelegibilidade.